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Envelhecimento pode diminuir mão-de-obra barata na China

Nas próximas décadas, país terá dois trabalhadores na ativa para cada aposentado.

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Por Marina Wentzel

A mão-de-obra na China poderá deixar de ser barata nas próximas décadas por causa do envelhecimento da população, afirmam oficiais do governo chinês em matéria publicada nesta terça-feira pelo jornal estatal China Daily. Entre 2030 e 2050, haverá uma queda brusca na proporção de trabalhadores que geram renda e dependentes, de acordo com estimativas oficiais. Dentro das próximas décadas, a China terá dois trabalhadores na ativa para cada aposentado. Atualmente, a proporção é de seis empregados para cada inativo, segundo dados do Comitê Nacional da China para o Envelhecimento (CNCE). "Com menos pessoas na idade de trabalho e maior pressão para sustentar os idosos, a economia sofrerá se não houver maiores progressos na produtividade", disse Yan Qingchun, vice-diretor do CNCE, durante a divulgação de um estudo sobre o assunto. De acordo com a pesquisa, na segunda metade do ano passado, 149 milhões, ou 11,3% da população, estavam acima dos 60 anos. Um aumento de 1,1% em relação ao ano de 2000. Ainda de acordo com o estudo, a parcela da população que se torna economicamente inativa por causa da idade cresce na média de 3,2% a cada ano. Isso é cinco vezes maior do que o ritmo de crescimento da população como um todo. Estima-se que, em 2020, a China terá 248 milhões de idosos e, em 2050, o total pode chegar a 437 milhões, superando um quarto de toda a população. Atualmente, o país tem 1,3 bilhão de habitantes. Por anos, a China se beneficiou da vantagem competitiva de ter uma abundante mão-de-obra barata, mas agora é hora de encontrar novos rumos, afirmam especialistas. Cerca de 28% do crescimento da atividade econômica nos últimos 20 anos pode ser creditado à mão-de-obra barata, segundo declarações de Cai Fang, diretor do Instituto Econômico de Trabalho e População (IETP), ao China Daily. "Mas agora o país precisa mudar o seu modo de crescer", disse Cai. "Parar de depender principalmente da mão-de-obra e passar a métodos mais avançados de produção." O governo também manifesta preocupação com a falta de infra-estrutura para lidar com uma grande população idosa e com a pressão que isso representa às finanças. A China não está "preparada adequadamente" para o envelhecimento rápido da população, disse Zhang Kaidi, diretor do Centro de Pesquisa sobre Envelhecimento da China. Um exemplo é a situação em asilos para idosos na China: os 1,49 milhão de camas disponíveis correspondem a menos de 9% dos estimados 22,61 milhões necessários para atender à demanda da futura população. No interior, mais da metade dos idosos não possuem qualquer seguro médico e apenas 4,8% recebem pensão. Apesar dos investimentos em saúde e segurança social, a única maneira de reverter o desequilíbrio é aumentando a produtividade per capita, diz Zhang. E, para isso, completa o pesquisador, a China terá que investir em melhoras nos processos produtivos com mais educação, treinamento e tecnologia. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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