No último fim de semana, o Estado de São Paulo foi atingido por fortes chuvas que causaram enchentes e deslizamentos em mais de dez municípios. Desde dezembro do ano passado, centenas de municípios da Bahia e de Minas Gerais também foram afetados e decretaram estado de emergência. Porém, o clima não é o único responsável pelos desastres. Os desmoronamentos e inundações demonstram a falta de estrutura e investimento na contenção deste tipo de tragédia.
Os temporais do fim de semana levaram a cidade de São Paulo superar a média histórica de chuvas esperadas para todo o mês de janeiro: foram 284 milímetros até a tarde de domingo. No Estado, já são 24 mortes confirmadas em oito municípios paulistas e cerca de 1.546 famílias desalojadas ou desabrigadas.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, as chuvas foram causadas pela zona de convergência do Atlântico Sul somadas a um ciclone subtropical, o que provocou as primeiras enchentes e deslizamentos de terra na Bahia.
A gestão do governador Doria gastou menos da metade do orçamento previsto para obras de infraestrutura antienchente em todo estado de São Paulo em 2021, apenas 45% do total disponibilizado pelos deputados estaduais. E no ano anterior, o gasto foi menor ainda, apenas 18%.
As tragédias deveriam servir de alerta para prevenir novas ocorrências, mas historicamente não é o que se verifica, segundo o arquiteto e urbanista Kazuo Nakano, professor do Instituto das Cidades da Universidade Federal de SP. "A gente não extrai aprendizagens preventivas com as tragédias, sempre operamos no atendimento a emergências e improviso", afirma ao podcast.
A cada ano novos deslizamentos ocorrem sem que haja uma política de prevenção destas catástrofes, garante Nakano. Ele ainda afirma que o planejamento urbano também deve levar em conta as zonas periféricas e as peculiaridades das grandes metrópoles. "É necessário lidar com os reais problemas coletivos, ou a gente vai ficar chorando, aprendendo e desaprendendo a cada nova tragédia", conclui.
O Estadão Notícias está disponível no Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google podcasts, ou no agregador de podcasts de sua preferência.
Apresentação: Emanuel BomfimProdução/Edição: Jefferson Perleberg, Julia Corá e Gabriela ForteMontagem: Moacir Biasi
![](https://www.estadao.com.br/resizer/v2/2N3NZ4AZKJNBDHUYQUWE7Z3L2E.jpg?quality=80&auth=c8c7c72ed2cd5f2ee513d54025118744fb1dce8c30623de4cbc20c16773b5a62&width=380 768w, https://www.estadao.com.br/resizer/v2/2N3NZ4AZKJNBDHUYQUWE7Z3L2E.jpg?quality=80&auth=c8c7c72ed2cd5f2ee513d54025118744fb1dce8c30623de4cbc20c16773b5a62&width=768 1024w, https://www.estadao.com.br/resizer/v2/2N3NZ4AZKJNBDHUYQUWE7Z3L2E.jpg?quality=80&auth=c8c7c72ed2cd5f2ee513d54025118744fb1dce8c30623de4cbc20c16773b5a62&width=1200 1322w)
Moradores têm se unido para ajudar nas buscas após desmoronamento de terra em Franco da Rocha (Foto: Daniel Teixeira/Estadão)