Explosão da Bovespa era parte de onda de atentados

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Por Agencia Estado
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Os 30 quilos de explosivos encontrados no Gol prata, nesta segunda-feira pela manhã no quilômetro 92 da Rodovia Anhangüera, na região de Campinas, no interior do Estado de São Paulo, seriam utilizados em um grande atentado marcado para ocorrer até a próxima sexta-feira contra o prédio da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), no centro da capital, informou nesta segunda-feira à tarde o delegado-geral do Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic), Godofredo Bittencourt. Se todos os 30 quilos fossem utilizados no atentado, a explosão provocaria grandes estragos e a morte de todas as pessoas num raio de 30 metros. Ordem era de ?Geleião? A ordem para a realização do atentado, informou o delegado, foi dada há cerca de dez dias por José Márcio Felício, o Geleião, um dos líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), preso em Presidente Bernardes, no interior do Estado. Esta seria apenas uma de uma série de ações planejadas por Geleião como demonstrações de força contra a polícia. Elo de ligação De acordo com o delegado Rui Leal Fontes, da Delegacia de Roubo a Bancos, que comandou as investigações, a ordem de explodir o prédio da Bovespa foi transmitida por Geleião para a mulher dele, Petronília Maria de Carvalho Felício, a única pessoa com quem ele mantinha contato, durante as visitas nos fins de semana. Petronília era o elo de ligação entre Geleião e outro integrante do PCC, também preso em São Paulo, Nilson Paulo Alcântara dos Reis, o Faísca. Uma ?festa? por dia "Faísca, que não estava tão isolado como Geleião, recebia as ordens e as transmitia para os outros integrantes da quadrilha, que estavam em liberdade", informou Fontes. De acordo com o delegado, as demonstrações de força de Geleião haviam sido determinadas porque ele "estava descontente com o tratamento que vinha recebendo". Além da explosão no prédio da Bovespa, Geleião havia determinado os atentados contra policiais militares ocorridos no fim da semana passada em São Paulo, Campinas e Santos, que resultaram na morte de um policial em Campinas. "A ordem de Geleião era uma ?festa? (termo utilizado para designar os atentados) por dia", informou o promotor Roberto Porto, do Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), que acompanhou as investigações. Investigações Godofredo Bittencourt relatou que as investigações sobre a existência de um estoque de explosivos nas mãos dos integrantes do PCC já vinham sendo conduzidas antes que a polícia soubesse o destino que seria dado a eles. Nos últimos dez dias, a polícia interceptou conversas telefônicas de Petronília e de Faísca e descobriu que o estoque de explosivo seria utilizado contra a Bovespa. "Desde então, comunicamos à direção da Bovespa, que manteve, sigilosamente, a segurança reforçada durante todos esses dias", afirmou Bittencourt. Operação secreta Neste final de semana, numa operação secreta, Petronília foi presa quando acabava de visitar Geleião no presídio de Presidente Bernardes. A prisão, na avaliação do delegado Fontes, abortou o plano do atentado. "A partir disso, para evitar o pior, eles resolveram entregar o explosivo", acredita o delegado. Para Fontes, o telefonema anônimo que levou a polícia ao carro foi dado pelos próprios integrantes da quadrilha. "Eles sabiam que estávamos chegando perto e temiam uma operação pesada que acabasse resultando na prisão de muita gente", afirma Fontes. "Nós já sabíamos que os explosivos estavam em uma favela na região de Campinas, e eles com medo de que invadíssemos a favela, decidiram desovar o material assim que Petronília foi presa." Fontes acredita que o carro com os explosivos deveria ser transportado para São Paulo. "Mas, para azar dos condutores, o carro que eles roubaram em Campinas para carregar os explosivos tinha alarme com bloqueador de combustível, e o veículo parou na estrada", relata ele.

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