Explosão em Palotina: sete das oito vítimas tinham nacionalidade haitiana, diz governo

Acidente em cooperativa agrícola no interior do Paraná aconteceu na tarde desta quarta-feira. Uma pessoa segue desaparecida e está sendo buscada pelo Corpo de Bombeiros

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Por Guilherme Lara da Rosa

O governo do Paraná confirmou na tarde desta quinta-feira, 27, que sete das oito vítimas da explosão em Palotina, no interior do Estado, tinham nacionalidade haitiana; uma das vítimas era brasileira. O acidente aconteceu na tarde desta quarta-feira, 26, e bombeiros seguem no local em busca de uma pessoa que segue desaparecida.

Veja as identificações das vítimas da explosão em Palotina

  • Donald ST Cyr — 24 anos (haitiano);
  • Jena Ronald Calix — 27 anos (haitiano);
  • Jean Michee Joseph — 29 anos (haitiano);
  • Reginaldo Gegrard — 30 anos (haitiano);
  • Michelet Louis — 41 anos (haitiano);
  • Eugênio Metelus — 53 anos (haitiano);
  • Saulo da Rocha Batista — 53 anos (brasileiro);
  • Wicken Celestin — 55 anos (haitiano).

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A vistoria na cooperativa C.Vale, que registrou uma série de explosões em um silo, indicou que o local estava regular, segundo informou o Corpo de Bombeiros.

Em comunicado, o Corpo de Bombeiros informou que “a C.Vale estava em conformidade com as normas de segurança”. Peritos da Polícia Científica do Paraná acompanham, desde o início da madrugada, as buscas pelo trabalhador que está desaparecido, e a Polícia Civil instaurou um inquérito para apurar as causas do acidente.

Estruturas de cooperativa ficaram destruídas após explosão em Palotina, no Paraná Foto: COSAMU

A C.Vale disse que “cumpre todas as normas de segurança do trabalho, incluindo procedimentos relativos à NR33, que regulamenta atividades em espaço confinado”. “Todas as vistorias estão em dia, sendo o cronograma definido conforme prazos constantes nas normas de segurança.”

De acordo com o Corpo de Bombeiros, até as 3h desta quinta-feira, 27, praticamente todas as vítimas haviam sido retiradas do local do acidente. Por volta das 10h, equipes continuavam retirando os grãos de milho no silo onde houve a explosão a fim de tentar chegar até a vítima desaparecida.

Trinta e cinco bombeiros militares estão trabalhando no local, além de outros 14 bombeiros do Grupo de Operações de Socorro Tático (Gost). “A retirada do milho é realizada de maneira mecânica de forma lenta e gradual e não será interrompida até o encerramento da operação”, disse a corporação, em nota.

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A C.Vale também informou que o Corpo de Bombeiros realizou um treinamento na central de armazenagem no complexo industrial da cooperativa em maio.

O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR) informou que deve vistoriar a cooperativa nesta sexta-feira, 28. O órgão irá analisar, entre outros, documentos e a comprovação de responsáveis técnicos pelo setor no local.

“Ao fim da fiscalização, um relatório com todo o levantamento de dados necessários será feito para averiguação da conduta dos profissionais envolvidos. O conselho reconhece a importância desse trabalho, sobretudo, para evitar situações de riscos”, disse, em nota.

“Estamos consternados pela tragédia que feriu e tirou a vida de nossos trabalhadores. Todos os esforços da cooperativa estão sendo direcionados para o auxílio das vítimas e de seus familiares. Nossas equipes continuam empenhadas em auxiliar o trabalho das equipes de resgate. Esse é um momento de união e solidariedade com as famílias das vítimas. [...] Uma equipe técnica está trabalhando para apurar as causas desse acidente”, disse o presidente da C.Vale, Alfredo Lang.

Vítima sofreu traumatismo craniano

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Ao Estadão, o irmão de uma das pessoas feridas resgatadas com ferimentos após a explosão disse que ela sofreu um traumatismo craniano e segue internada em um hospital de Cascavel, a cerca de 84 km de Palotina.

Paulo César Aretz, de 46 anos, atua como classificador de grãos em uma empresa terceirizada que presta serviço à C.Vale e estava em uma edificação a cerca de dez metros do silo onde houve a explosão.

“Ele sofreu um traumatismo craniano, está lúcido e me ligou agora há pouco para me tranquilizar. O Paulo me falou que acredita ter sido salvo por uma parede. O que feriu ele foram os fragmentos da explosão. Quando ele se deu por si, já estava sendo socorrido”, disse Rogério Aretz.

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O trabalhador, que está entre os 11 resgatados com vida, deverá passar por exames nas próximas horas e será avaliada a necessidade da submissão do paciente a algum procedimento cirúrgico.

Além de Paulo, outras duas pessoas estão internadas em uma policlínica particular de Cascavel. Um homem, de 42 anos, segue em estado grave, entubado e necessitando de suporte avançado. Uma mulher, de 40, está consciente e o quadro de saúde dela é considerado estável.

Testemunhas que estavam próximo à cooperativa afirmaram ter sentido tremores devido à explosão. A jovem Vitoria Negrisoli, que estava em um posto de combustíveis situado a poucos metros do silo, disse à reportagem que o barulho provocado pela explosão parecia um “trovão”.

“Estava todo mundo trabalhando normalmente até que escutamos o primeiro estouro que parecia um trovão. Logo em seguida veio a segunda explosão. Subiu grande quantidade de fogo, fumaça e pedaços de latas do barracão. O susto foi enorme, e o chão da cidade tremia. Vidros da obra ao lado quebraram e todos saíram correndo para ver o que havia acontecido”, narrou ela.

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