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Incêndio na Unesp Rio Claro: saiba o que foi destruído pelo fogo

Entre os animais in vitro, empregados na formação de biólogos, havia peixes da Antártida e animais marinhos do Mar Mediterrâneo considerados raros, adquiridos do Museu de Zoologia da Itália

Por José Henrique Lopes
Atualização:

SOROCABA - O prédio central do Instituto de Biociências (IB) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro, atingido por um incêndio na tarde de quarta-feira, 31, passaria por reforma para troca nas instalações elétricas e hidráulicas em 2023. O incêndio destruiu laboratórios, salas de aulas, equipamentos e acervo de animais invertebrados e vertebrados que vinha sendo colecionado desde a década de 1960, além de materiais e pesquisas científicas em andamento. As causas estão sendo apuradas, mas a suspeita é de avaria na rede elétrica.

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A reforma estava em processo de licitação, segundo a direção do IB. “A direção da unidade universitária tinha conhecimento da necessidade de uma ampla reforma estrutural na edificação, construída em 1977, e estava preparando o processo licitatório neste semestre, com recursos destinados às unidades pelo programa de infraestrutura lançado neste ano pela atual reitoria, no valor global de R$ 700 milhões, para toda a universidade”, disse, em nota.

A intervenção no prédio central do IB de Rio Claro, com troca das redes elétrica e hidráulica, estava prevista para ocorrer em 2023 e era uma das principais metas da unidade universitária, segundo a nota. “Além deste programa, a administração central da Unesp tem liberado, desde o final de 2021, recursos para investimentos pontuais em infraestrutura, no âmbito do Programa Unesp Presente, por meio de 16 editais para atender a diversas demandas reprimidas em razão da crise orçamentária e financeira que atingiu a universidade até 2020. O Instituto de Biociências foi contemplado com um total de R$ 5,5 milhões em 2022 para infraestrutura”, acrescentou.

O fogo destruiu acervo de animais vertebrados, como a tartaruga marinha, usados em aulas de biologia e zoologia no Instituto de Biociências da Unesp de Rio Claro. Foto: IB-Unesp/Divulgação

O fogo começou por volta das 16 horas e se alastrou rapidamente. As chamas atingiram um grande armário de aquisição recente onde estava acondicionada uma coleção didática com animais in vitro, material que foi preparado por especialistas usando novas técnicas de taxidermia e histologia.

Entre os espécimes, empregados na formação de biólogos, havia peixes da Antártida e animais marinhos do Mar Mediterrâneo considerados raros, adquiridos do Museu de Zoologia da Itália. O acervo incluía esqueletos e partes de vertebrados que podiam ser manipulados pelos alunos ou observados em microscópios.

Os equipamentos de informática atingidos pelo fogo continham trabalhos de pesquisas em andamento há décadas. “Os prejuízos materiais e, sobretudo, científicos estão sendo dimensionados pelas equipes que trabalham no local. As causas do incêndio ainda estão sendo apuradas. A Unesp está consternada com as perdas do instituto e se solidariza a todos os docentes, pesquisadores, estudantes e funcionários técnico-administrativos que tiveram seus trabalhos interrompidos por esta terrível ocorrência. A administração central se dedicará diuturnamente para que a rotina acadêmica científica seja retomada o mais breve possível”, informa ainda o comunicado da Unesp.

Origem

O Instituto de Biociências (IB) originou-se a partir da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro, criada em 1957, e que foi incorporada pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho após sua fundação, em 30 de janeiro de 1976. O IB é constituído por sete departamentos: Biologia, Bioquímica e Microbiologia, Botânica, Ecologia, Educação, Educação Física e Zoologia.

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Entre os cursos que oferece estão os de Ciências Biológicas e Ecologia. Na pós-graduação, o Instituto possui, entre outros, os programas de Biologia Celular e Molecular, Biologia Vegetal, Ciências da Motricidade, Microbiologia Aplicada, Zoologia, Desenvolvimento Humano e Tecnologias e Ecologia e Biodiversidade, além do recente programa de Pet-Biologia.

A hipótese de problema elétrico como causa do fogo foi aventada pelos bombeiros que atenderam a ocorrência, mas a causa será apurada em inquérito policial. Em decorrência do incêndio, que levou à interdição parcial das instalações para avaliação, as aulas no Instituto de Biociências estavam restritas, nesta quinta-feira, 1. O prédio central do IB, atingido pelo fogo ficará interditado até a conclusão de uma perícia da Defesa Civil. As aulas no Instituto de Biociências e Ciências Exatas (IGCE), a outra unidade universitária do câmpus de Rio Claro, eram ministradas normalmente.

Museu Nacional

Também destruído por um incêndio, em setembro de 2018, o Museu Nacional, no Rio, perdeu praticamente todo o acervo, de 12 mil peças. Um inquérito da Polícia Federal concluiu que o incêndio foi resultado de um curto-circuito em instalações de refrigeração de ar. A previsão orçamentária para a recuperação é de R$ 385 milhões.

O Museu Nacional só deve ser reaberto em 2027.

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