Início do governo foi um caos, acusa Cristovam

O senador, candidato do PDT à Presidência, voltou a pregar a federalização da educação básica e a volta do Bolsa Escola

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Por Agencia Estado
Atualização:

O senador Cristovam Buarque (DF), candidato do PDT à Presidência da República, voltou a pregar a federalização da educação básica e a volta do Bolsa Escola. Ele também garantiu ser favorável às estabilidades monetária e de regras jurídicas. "Uma das coisas que fazem a taxa de juros no Brasil tão alta é a falta de regras permanentes", salientou o candidato em entrevista ao Canal Livre, da TV Bandeirantes. Ele criticou o governo Lula: "Tudo o que eu deixei lá mudaram", queixou-se. "O resto do governo, no começo, era um caos", alfinetou. "Quando eu levei a lista com 31 metas ao presidente Lula, ele jogou fora e ficou com raiva porque disse que não era para ter metas." Corporativismo Ele também criticou o que classificou de corporativismo do seu antigo partido e explicou por que deixou o PT. "Eu fiquei fiel a meus princípios e não à minha sigla. O PT não foi um partido, o PT foi uma sigla", salientou. E continuou demonstrando mágoa com os antigos colegas: "O PT é um guarda-chuva de reivindicações corporativas. E não dá para atender a todas, a não ser que seja irresponsável financeiramente", afirmou o candidato pedetista. "Este governo não tem legado porque não tem projeto." Federalização O ex-ministro da Educação disse que pretende federalizar o ensino básico sem centralizar a fiscalização, que continuaria sendo feita pelos municípios. Além disso, prometeu a criação da Lei de Responsabilidade Educacional dos prefeitos, que eles teriam de cumprir para não se tornarem inelegíveis, como no caso da Lei de Responsabilidade Fiscal. E aproveitou para criticar o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), que chamou de "mediocridade". O ex-ministro disse que não é só dinheiro que falta: "São regras, qualidade de projeto e fiscalização. Se chover dinheiro, vira lama na primeira chuva." Bolsa Família Ele criticou o fim do Bolsa Escola. "Ao tirar o nome ´Escola´ e colocar ´Família´, criou-se uma distorção: antes a família recebia o dinheiro e dizia que recebe porque os filhos estão estudando para sair da pobreza; agora ela diz que recebe o dinheiro porque é pobre e, se sair da pobreza, perde o dinheiro", ponderou o senador. Outro problema é a falta de contrapartida, ao se passar a fiscalização para o Ministério do Desenvolvimento Social. "O ministro referindo-se a Patrus Ananias, titular da Pasta já disse uma vez que ele tem que dar comida e não quer saber se a criança está na escola ou não", lembrou Cristovam. Estabilidade monetária Ao ser perguntado sobre o que mudaria na política econômica, preferiu falar em termos gerais. E garantiu a estabilidade monetária "é uma questão de princípio e não de gosto de político", sustentou. Mas não quis se comprometer, por exemplo, com metas de taxa de juros ou de superávit primário. "Não dá para você saber hoje o que vai fazer em 1º de janeiro de 2007", justificou. E pediu estabilidade das regras e responsabilidade dos políticos: "Eu, por exemplo, tenho de falar com responsabilidade porque o que um candidato a presidente diz repercute no mercado." Renegociação Finalmente, ele falou em fazer uma enigmática renegociação da dívida interna. "O que eu esperava é que houvesse uma renegociação da dívida interna sem rasgar contrato", ponderou o candidato do PDT sem explicar como conseguiria convencer os credores. "Nada será feito unilateralmente", garantiu. E concluiu: "Não dá para você rasgar acordos no mundo de hoje, em que através do computador manda todo o dinheiro embora."

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