Camisola, alpargata e jeans em tudo: a moda feminina no verão de 1974

Peças antigas de roupas conviviam com o tecido bruto que era usado muito além da calça: sandália, chapeú, bolsa, maiô e blusa.

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Por Edmundo Leite

“Estranho? Pois é a moda”. O pequeno alerta na linha fina da seção “Viver” mostrava como os loucos anos 70 eram vividos na área do vestuário feminino. Na edição de 14 de janeiro de 1974 do Jornal da Tarde, a repórter Regina Guerreiro e a ilustradora Cristina Burger produziram uma página com as tendências do verão daquele ano. Leia a íntegra:

Jornal da Tarde - 14 de janeiro de 1974

Página sobre moda feminina no Jornal da Tarde de 14 de janeiro de 1974. Foto: Acervo Estadão

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Neste verão, vista camisola e alpargata. E vá dançar na boate da moda.

Reportagem de Regina Guerreiro. Ilustração de Cristina Burger.

Sejam quais forem as ordens que venham de Paris, a mulher brasileira acaba fazendo a sua moda. Neste verão, ela se equilibra em saltos cada vez mais altos e saias cada vez mais longas. À noite, em vez de vestido, exibe nas boates da moda as velhas camisolas de suas tias ou avós.

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Também do baú da vovó, ela desenterrou o velho saiote, com babadões e tudo, antes usados como armação. Estampado com florões dos anos 50, ela já ameaça o sucesso incrível da saia-caracol.

Lançada em Londres há três anos, o corte espiral é super bem arquitetado, veste bem as mulheres, gordinhas ou magérrimas. As mais óbvias são feitas em dois tons de “jeans”; as mais sofisticadas conjugam duas estampas diferentes, ambas em seda.

E o “jeans” que antes era apenas calça, agora virou tudo: bolsa, bota, sandália, chapéu, maiô e até poltrona.

Claro, e também alpargatas, a última moda em calçado. Com sola de corda e aquelas tirinhas subindo pelas pernas, elas podem ser também de algodão colorido, veludo ou cetim.

Legendas das ilustrações:

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# Para desespero da mulher tábua, as camisetas marcam o busto.

# Essa novidade tem três anos: a saia-caracol. Em tons de “jean” ou em sedas sintéticas.

# Há quem garanta que saltos e plataformas gigantes são confortáveis.

# Nada mais de tamancos. Alpagatas com sola de corda. Feitas até de cetim.

# Quando nossas avós usavam essa saia, ele ficava bem escondida. Era uma espécie de anágua.

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# Este decote ja foi uma audácia. Hoje pode ser discreto, o que pode ser excitante. Uma idéia: usá-lo quando feito de jérsei-cetim de Lycra, com saia longa para a noite.

# Bordado, remendado, com ou sem pedrarias, o “jean” está vestindo a mulher dos pés à cabeça: é sandália, á chapeú, é bolsa, é maiô, é blusa. E até calça.

Jornal da Tarde

Por 46 anos [de 4 de janeiro de 1966 a 31 de outubro de 2012] o Jornal da Tarde deixou sua marca na imprensa brasileira. Neste blog são mostradas algumas das capas e páginas marcantes dessa publicação do Grupo Estado que protagonizou uma história de inovações gráficas e de linguagem no jornalismo. Um exemplo é a histórica capa do menino chorando após a derrota da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1982, na Espanha.

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