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Karadzic vai lutar contra a extradição, diz advogado

Após prisão de ex-líder sérvio da Bósnia, EUA e UE querem general Mladic detido.

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Por Da BBC Brasil

Um advogado que representa o ex-líder sérvio da Bósnia, Radovan Karadzic, disse nesta terça-feira que vai lutar contra a extradição de seu cliente para o Tribunal das Nações Unidas para Crimes de Guerra em Haia, na Holanda. Karadzic, de 63 anos, é acusado de genocídio e crimes contra a humanidade ligados à guerra, na década de 90, que se seguiu à desintegração da Iugoslávia. Ele foi interrogado por um juiz sérvio nesta terça-feira, que decidiu que Karadzic deve ser extraditado, mas seu advogado, Svetozar Vujacic, afirmou que vai apelar contra a decisão. "Eu não acho que eles vão aceitar minha apelação mas eu quero atrapalhar os planos deles para extraditá-lo. Eu usarei a oportunidade (oferecida) pela lei para apelar no último dia possível, que é sexta-feira. Radovan está se sentido muito bem, ele está muito mais calmo do que eu, ele está bem de saúde", disse Vujacic. De acordo com legislação sérvia sobre cooperação com o Tribunal de Haia, três obstáculos precisam ser superados antes que Karadzic seja enviado para a Holanda. Um magistrado precisa concluir que todas as condições para a extradição foram cumpridas; o acusado deve ter garantida oportunidade para apelar contra a extradição e uma comissão especial tem que decidir sobre o recurso apresentado. O processo todo pode levar de três a nove dias. Novas prisões? O correspondente da BBC na capital sérvia, Belgrado, Nick Thorpe, disse que circulam muitos rumores na cidade de que os dois últimos homens na lista de procurados do tribunal - o ex-comandante militar de Karadzic, Ratko Mladic, e Goran Hadzic, um ex-político sérvio acusado de "limpeza étnica" na Croácia -, podem ser os próximos detidos. Os Estados Unidos e a União Européia (UE) pediram à Sérvia para dar continuidade ao que foi feito com a detenção de Karadzic, prendendo Mladic o mais rápido possível. O ministro do Exterior da Sérvia, Vuk Jeremic, disse que a prisão de Karadzic mostrou que seu país está firmemente comprometido com a sua integração à União Européia. A prisão do ex-líder sérvio da Bósnia e de outros acusados de crimes de guerra é uma das principais condições para que a ambição européia da Sérvia avance. Um novo governo pró-europeu assumiu o poder na Sérvia há cerca de duas semanas. Agentes da inteligência sérvia estavam em busca de Ratko Mladic quando depararam com Karadzic, disse o escritório do promotor para crimes de guerra da Sérvia. Mas o general Mladic tem fortes laços com o Exército da Sérvia e pode apresentar maior resistência à prisão do que Karadzic, disse Nick Thorpe. Barba longa Antes de sua prisão, Radovan Karadzic vivia em Belgrado, trabalhando com medicina alternativa e escrevendo artigos para uma revista de estilo de vida. Ele se disfarçou com uma longa barba branca, bigode e óculos de lentes espessas, e até seus colegas de trabalho dizem que não o reconheceram. Com o nome falso de Dragan David Dabic, Karadzic deu palestras em centros comunitários locais e criou um website fazendo propaganda de seus serviços médicos para tratamento de diabete, depressão e artrite. Aparentemente, ele usava com regularidade o sistema de transporte público de Belgrado sem ser reconhecido, até que foi detido em um ônibus. O ex-líder sérvio foi preso na segunda-feira. Ele foi indiciado no Tribunal de Haia em julho de 1995, acusado de autorizar a morte de civis durante o cerco de Sarajevo, que durou 43 meses. Quatro meses depois, foi indiciado por genocídio pela morte de cerca de 8 mil homens e meninos muçulmanos, depois que as forças de Ratko Mladic tomaram uma área considerada segura pelas Nações Unidas, Srebrenica, no leste da Bósnia. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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