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Maceió: afundamento do solo em mina da Braskem acelera ainda mais e chega a 0,35 cm por hora

Na quinta-feira, 7, boletim da Defesa Civil da cidade apontava 0,21 cm por hora de afundamento e, neste sábado, 9, valor medido passou para 0,35 cm; terreno já cedeu mais de 2 metros

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Foto do author Giovanna Castro

O solo da mina nº 18 da Braskem, em Maceió (AL), no bairro Mutange, tem afundado cada vez mais rápido, conforme boletins divulgados diariamente pela Defesa Civil do município. O órgão tem monitorado a situação da região e, segundo nota publicada na manhã deste sábado, 9, o deslocamento total já é de 2,16 metros desde 30 de novembro, quando tremores começaram a ser sentidos. A velocidade vertical é de 0,35 centímetros por hora, com um movimento de 8,6 cm nas últimas 24 horas.

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Na quinta e na sexta-feira, 7 e 8 de dezembro, a velocidade de afundamento divulgada era de 0,21 centímetro por hora, ou 5,2 cm por dia. Isso significa que, de sexta para sábado, houve um aceleramento de aproximadamente 67%. O risco é de colapso.

“Por precaução, a recomendação é clara: a população não deve transitar na área desocupada até uma nova atualização da Defesa Civil, enquanto medidas de controle e monitoramento são aplicadas para reduzir o perigo”, diz o órgão da prefeitura de Maceió. “A equipe de análise da Defesa Civil ressalta que essas informações são baseadas em dados contínuos, incluindo análises sísmicas.”

Bairro Mutange, em Maceió, Alagoas, onde fica a mina nº18 da Braskem. O risco é de colapso. Foto: Thiago Sampaio/ Agência Alagoas

A região fica à beira da lagoa Mundaú e próxima ao antigo Centro de Treinamento do Centro Sportivo Alagoano (CSA), clube de futebol local, e vem sendo monitorada há anos. O bairro já havia sido desocupado por conta do risco de desabamento.

A situação era considerada “estável” até que em 30 de novembro deste ano, após novos tremores serem sentidos na região, a Defesa Civil decretou estado de emergência para o possível colapso.

O caso acontece porque a extração de sal-gema, um cloreto de sódio utilizado para produzir soda cáustica e policloreto de vinila (PVC), feita pela petroquímica Braskem até 2019, comprometeu o solo. Outros bairros também sofrem do problema e tiveram casas abandonadas pelo risco anos atrás, apesar de terem situação ainda considerada “estável” pela Defesa Civil.

O Instituto do Meio Ambiente de Alagoas multou a Braskem em mais de R$ 72 milhões diante dos danos causados ao bairro de Mutange. A empresa já recebeu 20 autuações desde 2018. Uma CPI sobre a atuação da Braskem, para apurar impactos da extração de sal-gema em Maceió, será instalada na terça, 12, no Senado.

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Em nota divulgada esta semana, a empresa diz que “continua mobilizada e monitorando a situação da mina 18 e tomando todas as medidas cabíveis para minimização do impacto de possíveis ocorrências”. A empresa afirma que “a área de risco do mapa definido pela Defesa Civil municipal está 100% desocupada”.

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