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Navio à deriva bate na Ponte Rio-Niterói; via ficou interditada por mais de três horas

Acidente ocorreu no fim da tarde e causou fechamento da estrutura; Marinha confirmou que embarcação se soltou de amarra e rumou para a ponte

Por Gabriel Vasconcelos
Atualização:

Um navio à deriva bateu na Ponte Rio-Niterói, no Rio, e forçou a interdição da via nos dois sentidos, no fim da tarde desta segunda-feira, 14. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o fechamento da ponte aconteceu às 18h18, imediatamente após o choque de um navio de grande porte com a estrutura. O tráfego foi liberado novamente às 21h33, quase três horas e meia após a interrupção.

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Segundo a PRF, as quatro pistas no sentido Niterói foram liberadas. No sentido Rio de Janeiro, as pistas também serão liberadas, mas perto do ponto da colisão, apenas as duas faixas internas serão reabertas. O fluxo na ponte vai permanecer dessa forma até esta terça-feira, quando será realizada inspeção do trecho onde houve colisão, informou a PRF. Se não for constatado risco ao trânsito no local, o trecho também será liberado.

A interdição da ponte Rio-Niterói causou engarrafamento em vias importantes do Rio, uma vez que o acesso à ponte e a vias como a Avenida Brasil, Linha Vermelha e outras que ligam a Zona Norte ao Centro é o mesmo. A Ponte Rio-Niterói é a principal ligação entre a cidade do Rio e municípios da região metropolitana como Niterói, São Gonçalo, e a Região dos Lagos, destino turístico muito acessado em feriados. Sem a ponte, as opções de deslocamento para ir ou voltar desses lugares para o Rio se restringiram ao serviço de barcas, que chegou a ser reforçado, ou a rodovia Rio-Magé, caminho original que contorna a Baía por terra.

Imediatamente após o acidente circularam na internet vídeos feitos por motoristas e passageiros de carros que passavam na ponte no momento do impacto. É possível ver a parte de cima do navio colidir com a estrutura lateral da pista, provocando um forte impacto. A imagem chega a tremer, desestabilizando a gravação. O acidente acontece em um fim de tarde de muitos ventos no Rio. A cidade estava em estágio de mobilização desde o início da tarde e foram registrados ventos entre 53 e 57 quilômetros por hora nos aeroportos do Galeão e Santos Dumont.

Movimentação na Ponte Rio-Niterói após a colisão entre um navio à deriva e a estrutura. Foto: José Lucena/The News 2

A Marinha do Brasil informou que, devido às condições climáticas do fim de tarde no Rio de Janeiro, a amarra do navio São Luiz se partiu e, por isso, a embarcação se moveu do local onde se encontrava fundeada na direção da Ponte Rio-Niterói.

Segundo a Marinha, a Capitania dos Portos do do Rio de Janeiro (CPRJ) enviou, então, uma equipe de busca e salvamento (SAR) para o local, a fim de “prestar apoio e realizar a coordenação necessária” com a praticagem (manejo de navios) e os rebocadores que atuam na ocorrência, pertencentes à empresa Camorim. Segundo a Marinha, o navio São Luiz será conduzido para atracação no Porto do Rio de Janeiro.

“A destinação da embarcação São Luiz é objeto de processo judicial. Enquanto aguardava decisão judicial, a embarcação permanecia fundeada em local predefinido pela autoridade marítima, na Baía da Guanabara, desde fevereiro de 2016, sem oferecer riscos à navegação”, detalhou a Marinha.

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A Força informou, ainda, que um inquérito sobre acidentes e fatos de navegação (IAFN) será instaurado para apurar as “causas, circunstâncias e responsabilidades” do acidente.

Já de acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, o navio que bateu na ponte é um petroleiro-tanque com bandeira das Bahamas e status ativo. O navio, com 244,75 metros de comprimento e 42,36 metros de largura foi construído em 2013 e foi registrado no Porto de Nassau, capital das Bahamas.

O risco dos navios abandonados

Nos últimos anos, a Baía de Guanabara tem sido alvo de reportagens que mostram o abandono de navios inutilizados ou envolvidos em imbróglios judiciais, além de lixos náuticos, como carcaças, peças e equipamentos que, junto ao lixo e esgoto da cidade, poluem o estuário. O episódio de ruptura da amarra do cargueiro São Luiz, seguido do choque com a ponte Rio-Niterói, é resultado mais recente desse problema

Em abril de 2021, em resposta a uma dessas reportagens, veiculada pelo portal Metrópoles, a Marinha informou que, então, na região da Baía de Guanabara, havia “aproximadamente 10 cascos de embarcações fundeadas ou encalhadas por seus proprietários”. E informou que as atividades de inspeção naval rotineiras “não apontavam para situações que implicassem comprometimento da segurança da navegação ou risco de poluição hídrica”.

História da ponte

Inaugurada em 1974, a Ponte Rio-Niterói é um importante elo entre os municípios da região metropolitana do Rio. Com mais de 13 km de extensão, recebe um fluxo diário de 150 mil veículos. Para o atual feriado eram esperados mais de 800 mil. Além de conectar as duas cidades, a estrutura serve de caminho para quem se desloca a locais de alto fluxo, como São Gonçalo, ou como trecho de viagem até destinos turísticos. Um deles é a Região dos Lagos. Uma viagem de carro do centro do Rio a Niterói sem a ponte demora cerca de duas horas; o trajeto pela ponte é de 20 minutos.

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