'Medidas do governo, Vale e BHP têm sido insuficientes', diz ONU
Organização emitiu comunicado nesta quarta-feira criticando postura dos envolvidos no rompimento da barragem em Mariana
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Por Redação
Atualizado às 21h45
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SÃO PAULO - Especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) cobraram publicamente o governo brasileiro e as empresas Vale e BHP para que adotem as medidas necessárias para proteção do meio ambiente e da saúde da população exposta à lama de rejeitos proveniente do rompimento das barragens em Mariana, Minas Gerais. Para a ONU, não é o “momento de uma postura defensiva” e é “inaceitável” que a informação de que havia um risco tóxico na lama tenha levado três semanas para ser divulgada.
O rompimento das barragens da Samarco - empresa que pertence à Vale e à BHP - deixou oito mortos, e outros quatro corpos aguardam identificação. Onze pessoas ainda são consideradas desaparecidas. Após destruir o distrito de Bento Rodrigues, a lama causou danos em distritos e cidades vizinhas a Mariana e chegou ao Rio Doce. Nesta semana, os rejeitos chegaram ao mar na costa do Espírito Santo, deixando um rastro de danos ao meio ambiente.
Em comunicado divulgado nesta quarta-feira, 25, a ONU declarou que dois especialistas independentes se manifestaram com cobranças ao governo e às empresas. “Não é aceitável que se leve três semanas para que haja a divulgação de informação sobre riscos tóxicos do desastre”, disse o representante da organização para Direitos Humanos e Meio Ambiente, John Knox, e o responsável por substâncias perigosas, Baskut Tuncak.
Barragem de rejeitos se rompe em Minas Gerais
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Resgates em Mariana
Vítimas resgatadas em Mariana foram atendidas por equipes dos bombeiros e da Defesa Civil Foto: Márcio Fernandes/Estadão
Resgates em Mariana
As pessoas resgatadas são levadas a um ginásio na cidade de Mariana Foto: Márcio Fernandes/Estadão
Resgates em Mariana
Vários colchões foram espalhados ao longo do ginásio na cidade de Mariana Foto: Márcio Fernandes/Estadão
Barragem de rejeitos se rompe em Minas Gerais
O distrito de Bento Rodrigues, que pertence a Mariana, foi alagado. Foto: Facebook/Reprodução
Barragem de rejeitos se rompe em Minas Gerais
Mais de 50 feridos foram socorridos no local - 13 foram levados para o Hospital Monsenhor Horta, em Mariana, alguns em estado grave Foto: Facebook/Reprodução
Resgates em Mariana
Sobreviventes da queda de barragem em Mariana Foto: Douglas Magno/AFP
Resgates em Mariana
Mariana é uma das chamadas cidades históricas de Minas Gerais Foto: Douglas Magno/AFP
Barragem de rejeitos se rompe em Minas Gerais
O início da alteração da paisagem data do século 18, com intenso desmatamento praticado por mineradoras em busca, principalmente, de ferro. Foto: Facebook/Reprodução
Resgates em Mariana
Duas barragens se romperam em Mariana (MG). O distrito de Bento Rodrigues foi invadido pela lama Foto: MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO
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Vista do local onde a barragem quebrou (parte cinza) e que acabou com o distritode Bento Rodrigues Foto: MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO
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Duas barragens se romperam em Mariana (MG). O distrito de Bento Rodrigues foi invadido pela lama Foto: MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO
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Duas barragens se romperam em Mariana (MG). O distrito de Bento Rodrigues foi invadido pela lama Foto: MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO
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Duas barragens se romperam em Mariana (MG). O distrito de Bento Rodrigues foi invadido pela lama Foto: MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO
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Duas barragens se romperam em Mariana (MG). O distrito de Bento Rodrigues foi invadido pela lama Foto: MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO
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Duas barragens se romperam em Mariana (MG). O distrito de Bento Rodrigues foi invadido pela lama Foto: MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO
Resgates em Mariana
Duas barragens se romperam em Mariana (MG). O distrito de Bento Rodrigues foi invadido pela lama Foto: MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO
Resgates em Mariana
Duas barragens se romperam em Mariana (MG). O distrito de Bento Rodrigues foi invadido pela lama Foto: MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO
Resgates em Mariana
Duas barragens se romperam em Mariana (MG). O distrito de Bento Rodrigues foi invadido pela lama Foto: MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO
Resgates em Mariana
Duas barragens se romperam em Mariana (MG). O distrito de Bento Rodrigues foi invadido pela lama Foto: MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO
Resgates em Mariana
Duas barragens se romperam em Mariana (MG). O distrito de Bento Rodrigues foi invadido pela lama Foto: MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO
Resgates em Mariana
Duas barragens se romperam em Mariana (MG). O distrito de Bento Rodrigues foi invadido pela lama Foto: MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO
Resgates em Mariana
Duas barragens se romperam em Mariana (MG). O distrito de Bento Rodrigues foi invadido pela lama Foto: MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO
Resgates em Mariana
Homem observa os rastros de destruiçãoem Mariana Foto: Douglas Magno/AFP
Barragem de rejeitos se rompe em Minas Gerais
Uma barragem de rejeitos da mineradora Samarco rompeu-se ontem, por volta das 16h, entre Mariana e Ouro Preto, a 110 km de Belo Horizonte (MG). Foto: Facebook/Reprodução
Resgates em Mariana
Duas barragens se romperam em Mariana (MG). O distrito de Bento Rodrigues foi invadido pela lama Foto: Douglas Magno/AFP
Resgates em Mariana
Mariana aguarda ajuda de outras cidades Foto: Douglas Magno/AFP
Resgates em Mariana
Guardas municipais auxiliam a chegada das pessoas ao ginásio Foto: Márcio Fernandes/Estadão
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Helicópteros sobrevoam a região do distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, em busca de vítimas Foto: Douglas Magno/AFP
Resgates em Mariana
Moradores são cadastrados por equipes da prefeitura de Mariana Foto: Márcio Fernandes/Estadão
Resgates em Mariana
Moradores desalojados passaram a noite no ginásio de Mariana Foto: Márcio Fernandes/Estadão
Resgates em Mariana
Roupas e objetos pessoais foram levados ao ginásio para os desalojados Foto: Márcio Fernandes/Estadão
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Crianças dorme no ginásio ao lado de outras pessoas que ficaram desalojadas Foto: Márcio Fernandes/Estadão
Resgates em Mariana
Funcionários da prefeitura aulixiam os moradores que chegam ao ginásio em Mariana Foto: Márcio Fernandes/Estadão
Resgates em Mariana
Roupas que foram levadas ao ginásio para os desabrigados Foto: Márcio Fernandes/Estadão
Barragem de rejeitos se rompe em Minas Gerais
A tragédia deve transformar-se na mais grave na área ambiental do Estado. Foto: Facebook/Reprodução
Barragem de rejeitos se rompe em Minas Gerais
Até uma igreja histórica do século 18 e uma escola teriam sido atingidas. Foto: CORPO DE BOMBEIROS/MG
Barragem de rejeitos se rompe em Minas Gerais
Segundo o promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto, coordenador de Meio Ambiente do Ministério Público Estadual, a situação na região é catastrófica. Foto: Facebook/Reprodução
Resgates em Mariana
Estragos ainda não foram contabilizados em Mariana Foto: Douglas Magno/AFP
Resgates em Mariana
Sobreviventes do acidente em Bento Rodriguesaguardam ambulância Foto: Douglas Magno/AFP
Resgates em Mariana
Falta de informações sobre as vítimas preocupa os moradores de Mariana Foto: Douglas Magno/AFP
Barragem de rejeitos se rompe em Minas Gerais
Após o rompimento, a lama atingiu rapidamente o distrito de Bento Rodrigues, destruindo casas e encobrindo ruas e praças. Foto: Facebook/Reprodução
Barragem de rejeitos se rompe em Minas Gerais
Os serviços de energia elétrica e água foram afetados - não havia nem sinal de celular. Foto: Facebook/Reprodução
Barragem de rejeitos se rompe em Minas Gerais
A população estimada de Bento Gonçalves, que fica a 25 km da região central, é de 492 pessoas, residentes em 142 casas, de acordo com o Instituto Bras... Foto: Facebook/ReproduçãoMais
Barragem de rejeitos se rompe em Minas Gerais
O Ministério Público abriu inquérito para apurar as causas da tragédia. Foto: Facebook/Reprodução
“As medidas tomadas pelo governo brasileiro, pela Vale e BHP para prevenir danos têm sido claramente insuficientes. O governo e as companhias deveriam estar fazendo tudo que está ao alcance delas para prevenir danos futuros, incluindo exposição da população a metais pesados e outros químicos tóxicos”, reforçaram o especialistas.
Reparação. A ONU informou que a escala do desastre ambiental equivale ao volume de 20 mil piscinas olímpicas contendo lama tóxica, que contaminou solo, rios e sistemas de abastecimento em áreas superiores a 850 quilômetros. A organização destacou que os prejuízos ao Rio Doce são graves e a lama se aproxima lentamente do Arquipélago de Abrolhos, no sul da Bahia. “Infelizmente, a lama já chegou ao mar na praia de Regência (Espírito Santo), um santuário para tartarugas e uma fonte rica da qual depende a pesca local”, reforçaram Knox e Tuncak.
Os especialistas pediram que o País avalie se as leis de mineração são consistentes com os padrões internacionais de Direitos Humanos, incluindo o direito à informação. Os relatores especiais declararam que o “desastre é um trágico exemplo da falha na condução de negócios em relação aos direitos humanos e com relação à diligência para prevenir abusos”.
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“Talvez nunca haverá reparação para as vítimas que perderam entes queridos e para o meio de subsistência, agora sob restos de uma onda tóxica, assim como para o meio ambiente, que sofreu um dano irreparável”, disseram.
Resposta. A Vale informou que não comentaria o posicionamento da ONU, mas em declarações anteriores havia negado o caráter tóxico dos rejeitos. Em seu site oficial, a mineradora disse que "o rejeito presente nas barragens é inerte, ou seja, não contém componentes tóxicos. Ele é composto, em sua maior parte, por sílica (areia) proveniente do beneficiamento do minério de ferro e não apresenta nenhum elemento químico danoso à saúde".
O governo federal comunicou que vai procurar a ONU para esclarecer a atuação em pontos como o atendimento emergencial, abastecimento de água, monitoramento e planos de recuperação do Rio Doce e a multa de R$ 250 milhões aplicada pelo Ibama à Samarco. "A primeira ação federal efetiva foi atuar no socorro e nas buscas por desaparecidos, com ações da Defesa Civil, do Exército e da Força Aérea Brasileira, que agiram logo após o desastre", citou o governo, acrescentando que "vem cobrando a atuação da empresa na contenção e na reparação dos danos causados pela tragédia". A reportagem não conseguiu contatar a empresa australiana BHP.