Passageiros, que foram levados do Aeroporto de Congonhas para o de Cumbica na noite de quinta-feira, protestaram e invadiram a pista por causa dos atrasos dos vôos na madrugada desta sexta-feira. Na quinta-feira, a pista de Congonhas foi fechada seis vezes por causa das chuvas. De acordo com Kassandra Geromel, que deveria ter embarcado, para o Rio de Janeiro, às 20h30, os passageiros foram levados para Cumbica por volta da meia-noite. "Nos colocaram em táxis para irmos para Cumbica. Éramos passageiros de quatro vôos, todos da Gol: um para Porto Alegre e os outros para o Rio. Acho que lotaram uns cem táxis para colocar todo mundo dentro", conta. Chegando em Cumbica, segundo Kassandra, não havia avião. "Nos deixaram numa salinha de embarque, a sala 17. É uma sala apertada e estava muito calor. Tinha mulher grávida, gente mais velha, criança. Tinha de tudo. E gente passando mal. Mas, naquela hora, uma das portas de embarque ainda estavam abertas para a pista do Aeroporto. Até que apareceu um segurança com uma corrente para fechar a porta." Kassandra disse que as cerca de 400 pessoas que esperavam para embarcar se exaltaram. "Todo mundo ficou com raiva daqui. A gente já estava sendo muito maltratado e veio o segurança como se a gente fosse bandido", disse a passageira. Os passageiros impediram que o segurança fechasse a porta e invadiram a pista. "Então apareceu a polícia. Os policiais sempre aparecem quando o patrimônio público está em risco. Quando são as pessoas que estão sendo desrespeitadas, os policiais somem. Mas se é o patrimônio que está em risco, aí vem até Polícia Federal. Como veio." Kassandra só conseguiu embarcar às 4h desta sexta-feira. Mas ainda não sabia que horas a aeronave partiria. "A Gol tem que perceber que o que a gente queria era um vôo curto. Mas com essa enrolação toda, teria sido melhor pegar ônibus. Eu já estaria lá, dormindo muito bem", disse. Ao lado de Kassandra, estava o engenheiro civil Raphael Mendonça, 26 anos. "Vim de Florianópolis e estou indo para o Rio, com conexão em São Paulo", afirma ele, também por telefone. Em São Paulo, Mendonça deveria pegar o vôo 1538. "Por causa da conexão em Congonhas meu vôo atrasou em Florianópolis mesmo. Eu devia sair de lá às 18h para chegar em São Paulo às 19h para pegar o vôo 1538 às 19h15. Mas meu vôo saiu de lá às 21h25. Aqui o vôo 1538 já estava atrasado. E até agora, nada. Daqui a pouco amanhece, estou dentro do avião, mas não sei quando esse vôo sai porque tem um outro vôo na nossa frente que ainda não decolou", contou o engenheiro. Mendonça reclamava que a Gol não havia cumprido uma promessa feita ainda em Congonhas. "Eles nos mandaram para Cumbica com a promessa de que, chegando aqui, encontraríamos um avião na pista para nos levar ao Rio. Mas chegamos à meia-noite aqui e não encontramos avião nenhum. Só depois das 3h, apareceu o avião. Ainda sem hora para decolar", disse.