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Programa planeja 1ª expedição brasileira na Antártida

Por Ana Luísa Westphalen
Atualização:

Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva planeja para este final de semana sua visita à Estação Comandante Ferraz, localizada no continente Antártico, o objetivo da comunidade científica do Programa Antártico Brasileiro (Proantar) é se distanciar cada vez mais do local. Segundo o glaciólogo e professor Jefferson Simões, a estação é apenas a porta de entrada para os estudos. Entre dezembro deste ano e janeiro de 2009, o Proantar, por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), planeja convocar Simões e mais quinze cientistas para a primeira expedição brasileira no manto de gelo da Antártida, a 1.800 quilômetros ao Sul da Estação Comandante Ferraz, em direção ao interior do continente. Simões informa que, hoje, 30% das pesquisas são feitas na Comandante Ferraz, que tem uma importância geopolítica de apoio. ?Cada vez mais estão crescendo as atividades brasileiras em acampamentos fora da estação, o que é um grande avanço?, comemora. É na imensidão branca que a comunidade pode realizar as análises biológicas e químicas necessárias. A tendência no momento é expandir os projetos em termos geográficos. ?O continente antártico tem mais de 45 milhões de quilômetros quadrados e estamos planejando uma reviravolta científica?, declara Simões. O projeto contará com cooperação logística chilena e terá liderança da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). De acordo com o planejamento, a expedição durará 45 dias. Na região que pretende explorar, a espessura da camada de gelo chega a 1.200 metros. ?A coleta de neve e gelo que caiu há milhares de anos é a melhor forma de reconstruir a nossa história?, explica Simões, ao falar da importância do projeto. A chegada do presidente Lula marca as comemorações dos 25 anos do Proantar. O projeto é coordenado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e tem como objetivo realizar pesquisas e ampliar o conhecimento dos fenômenos que ocorrem na Antártida e dos processos que acabam influenciando no Brasil e no resto do mundo, tanto em aspectos climáticos quanto ambientais. No momento, onze grandes projetos estão sendo desenvolvidos no ano polar internacional, período que teve início em março de 2007 e será concluído em março de 2009. De acordo com Simões, o Proantar teve incentivo por parte do governo federal da ordem de R$ 9,2 milhões nos últimos dois anos. ?Esse foi o maior investimento desde o início o projeto. No governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, quase fomos ao colapso?, compara. Entre as principais pesquisas que ocorrem no momento, estão a análise do impacto das mudanças climáticas globais na Antártida e o reflexo na América do Sul, os impacto do aquecimento global no gelo, as conseqüências da ação do homem na variação do nível dos mares e o estudo de espécies sensíveis à variação do clima.

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