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Fóssil inédito de mais de 540 milhões de anos é achado em Minas e pode indicar petróleo na região

Pesquisa brasileira identificou cianobactéria de apenas 10 micrômetros no norte do Estado. Descoberta põe em evidência paleontologia brasileira

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Por Aline Reskalla

Uma peça do quebra cabeça que conta a história da vida na Terra foi encontrada por uma equipe de cientistas brasileiros no município de Januária, no norte de Minas Gerais. Trata-se do fóssil de uma cianobactéria descrito agora pela primeira vez no mundo na tese de doutorado do pesquisador Matheus Denezine, da Universidade de Brasília.

  • A importância da pequena Ghoshia januarensis, que tem apenas 10 micrômetros, o equivalente a 10 milionésimos de metro, é inversamente proporcional ao seu tamanho: além de reforçar a Teoria de Darwin, de que a vida na Terra começou no período pré-cambriano, há mais de 540 milhões de anos, evidencia a importância do Brasil no cenário da paleontologia mundial.
  • A Ghoshia foi encontrada em uma área conhecida como Formação de Sete Lagoas e vivia em ambiente marinho - sim, Minas Gerais tinha mar, e os cientistas, que já sabiam disso, agora contam com um novo registro dessa época.

Não bastasse tanto valor na descoberta da equipe da UNB, o estudo indica a possibilidade de que havia petróleo na Bacia Sedimentar do São Francisco, devido ás condições das rochas do local e concentração de matéria orgânica.

O artigo produzido por eles foi publicado em março na Revista de Cambridge, no qual descrevem seis espécies já conhecidas, além da Ghoshia Januarensis Foto: Matheus Denezine

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Segundo o pesquisador, encontrar um sistema petrolífero é algo complexo e não é possível afirmar que houve ou ainda existe óleo na região estudada, o que exigirá estudos adicionais.

“Quando fazemos um estudo de um sistema petrolífero, precisamos entender várias questões. O que descobrimos é que a matéria orgânica contida naquelas rochas atingiu uma temperatura suficiente para a geração de óleo ou gás. Aí eu começo a desenhar a arquitetura do meu sistema petrolífero”, explica o cientista.

O próximo passo é descobrir se houve óleo gerado ali e para para onde ele se deslocou. “No caso do pré-sal, a camada de sal é a trapa que não deixa o óleo passar. Precisamos investigar se havia essa barreira também na região estudada”, acrescenta ele. Para essa próxima etapa será necessária uma grande mobilização de profissionais de várias áreas da geologia.

Diferentemente do que se pode pensar, a bacia sedimentar do São Francisco não tem relação com Bacia Hidrográfica do São Francisco.

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Denezine esclarece que o termo “São Francisco” usado para denominar a bacia sedimentar que engloba as rochas estudadas foi uma referencia ao Vale do São Francisco por causa da proximidade entre elas e de algumas regiões que se sobrepõem.

“Mas não é preciso se preocupar porque não se trata de buscar petróleo no Rio São Francisco. Estamos falando de uma bacia sedimentar, de rochas em terra, que chegam até Goiás, ao Distrito Federal, Bahia, Minas Gerais.”

A pesquisa da UnB teve recursos do CNPQ, Capes, CPRM, Petrobras e Agência Nacional de Petróleo (ANP), e também contou com parcerias com a Unicamp, Virginia Tech (EUA), a Academia Russa de Ciências e a Universidade de Nanjing (China).

A participação da Petrobras nos estudos se deve ao interesse em descobrir novas fontes de petróleo.

Além de Matheus Denezine, participaram do trabalho os pesquisadores Dermeval Aparecido do Carmo, Shuhai Xiao, Qing Tang, Vladmir Sergeev, Alysson Fernandes Mazonie e Carolina Zabini. O artigo produzido por eles foi publicado em março na Revista de Cambridge, no qual descrevem seis espécies já conhecidas, além da Ghoshia Januarensis.

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