Sonda da Nasa flagra erupções em lua de Júpiter, o astro mais vulcânico do sistema solar; veja

Juno captou imagens da terceira maior lua do planeta, a Io. Paisagem é considerada ‘infernal’ e repleta de violentas expulsões de enxofre

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Por Katrina Miller
Atualização:

No último sábado, 3, a sonda Juno da Agência Aeroespacial dos Estados Unidos (Nasa) conseguiu uma segunda aproximação à Io, a terceira maior lua de Júpiter e o astro mais vulcânico do nosso sistema solar.

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A nave espacial, que chegou ao gigante gasoso em 2016, está em uma longa missão para explorar os anéis e as luas de Júpiter. No seu último sobrevoo, que complementou a primeira aproximação ao astro da missão, em 30 de dezembro, proporcionou ainda mais vistas da paisagem “infernal” da lua.

As violentas expulsões de enxofre e outros compostos de Io dão à lua os seus tons laranja, amarelo e azul. O processo é semelhante ao que acontece em volta dos vulcões do Havaí e nos gêiseres do Parque Nacional de Yellowstone, nos EUA, segundo Scott Bolton, um físico do Southwest Research Institute, do Texas, que lidera a missão Juno.

“Deve ser assim que Io é – com esteróides”, disse o físico. Acrescentou, ainda, que provavelmente também cheira igual a esses locais.

Divulgadas no domingo, 4, as mais recentes imagens da Juno já estão prontas para serem analisadas por cientistas. Bolton viu na superfície de Io o que parece ser uma dupla pluma vulcânica a projetar-se para o espaço – algo que a Juno nunca tinha visto antes.

Outros cientistas estão observando novos fluxos de lava e alterações a características familiares detectadas em missões espaciais anteriores, como a sonda Galileu, que fez numerosos sobrevoos próximos a Io nas décadas de 1990 e 2000.

“É essa a beleza de Io”, disse Jani Radebaugh, um cientista planetário da Universidade Brigham Young, em Utah (EUA), que não faz parte da missão Juno mas colabora com a equipe nas observações da Io. Ao contrário da nossa lua, que permanece congelada no tempo, Radebaugh disse, “Io muda todos os dias, todos os minutos, todos os segundos”.

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Imagem próxima de Io, uma das luas de Júpiter, capturada pela câmera da espaçonave Juno em fevereiro de 2024. A nave espacial Juno, que chegou ao gigante gasoso em 2016, está em uma missão de exploração dos anéis e luas de Júpiter. Foto: Divulgação/Nasa

As imagens dos dois sobrevoos, durante os quais a nave espacial se aproximou cerca de 930 milhas de Io, serão combinadas com fotografias anteriores que a Nasa tinha captado da lua jupiteriana. O objetivo, disse Bolton, é compreender “o que está realmente por trás do motor que faz funcionar todos os vulcões, porque eles estão por todo o lado”.

Este é o último sobrevoo próximo que a Juno fará de Io. Mas a missão continuará fazendo observações mais distantes a cada 60 dias, dando aos especialistas da missão uma imagem da lua em constante mudança como um todo.

Esses dados serão igualmente valiosos, de acordo com Bolton. “Todas as imagens são espantosas”, disse. “Nunca sabemos realmente o que esperar”. Poderá ser um oceano de magma global mesmo por baixo da crosta de Io – ou apenas bolsas de rocha derretida à superfície, como as que alimentam os vulcões da Terra.

Podem se passar semanas, ou mesmo meses, até que os cientistas comecem a encontrar respostas nos dados. /THE NEW YORK TIMES

À esquerda, a lua Io, avermelhada, orbitando Júpiter em um registro do final de 2023 feito pelo satélite Juno. Foto: Divulgação/NASA
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