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Análise: Max Von Sydow era um minimalista, de ‘O Sétimo Selo’ a ‘Game of Thrones’

Ator foi sempre reflexivo, econômico no uso de seus recursos, numa palavra: bergmaniano

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Em 1955, quando se mudou para Malmoe, Max Von Sydow tinha 26 anos. Havia feito um pequeno papel em Senhorita Júlia, de Alf Sjöberg, em 1951, e integrar o elenco do Teatro Municipal da cidade era um passo importante. Ingmar Bergman tomou-o sob sua proteção, foi seu mentor. Deu-lhe papéis cada vez mais importantes, no teatro e no cinema. Foram muitos filmes – O Sétimo Selo, Morangos Silvestres, No Limiar da Vida, O Rosto, A Fonte da Donzela, Através de Um Espelho, A Hora do Lobo, A Paixão de Ana.

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Do cavaleiro que enfrenta a Morte num jogo de xadrez ao filho do professor Isak Borg ao pai que busca vingar a filha estuprada, Bergman esculpiu a arte de Von Sydow como grande ator de cinema. Para expressar a intensidade das emoções, sua receita sempre foi a contenção, o minimalismo. O sucesso dos filmes de Bergman nos EUA abriu as portas de Hollywood para Von Sydow. Viagem para a Morte, de Serge Bourguignon, A Maior História de Todos os Tempos, de George Stevens – como o Cristo –, Havaí, de George Roy Hill, A Morte Não Manda Aviso, de Michael Anderson, A Carta do Kremlin, de John Huston, foram filmes que agregaram popularidade, mas não prestígio ao ator.

Àquela altura, ele já era internacional, representando em sueco, inglês, francês, alemão, espanhol, italiano. Em 1980, foi o imperador Ming de Flash Gordon, de Mike Hodges. Em 2015, integrou-se à saga de Star Wars, em O Despertar da Força. Filmou com John Milius (Conan, o Bárbaro), Woody Allen (Hannah e Suas Irmãs) e Steven Spielberg (Minority Report – A Nova Lei).

Em 1987, de volta à Suécia, foi indicado para o Oscar de melhor ator por Pelle, o Conquistador, de Bille August, que venceu a Palma de Ouro e o prêmio da Academia. Durante toda a vida, da juventude à velhice – morreu com 90 anos –, Von Sydow foi sempre reflexivo, econômico no uso de seus recursos. Numa palavra – bergmaniano. Fora do planeta Bergman, colheu um grande sucesso como o padre Merrin de O Exorcista, de William Friedkin, em 1973. Mais recentemente, foi o Corvo de Três Olhos na série cult Game of Thrones.

O ator Max Von Sydow, no Festival de CInema de Cannes, em 2016; um minimalista Foto: ALBERTO PIZZOLI / AFP
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