Crítica: Jennifer Aniston e Adam Sandler são engraçados, mas só um cachorro salva Mistério em Paris

Com estreia na última sexta-feira, 31, filme é confortável de se assistir, embora não seja muito engenhoso

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Por Jake Coyle
Atualização:

AP - Mistério no Mediterrâneo, um dos filmes mais assistidos da Netflix, estava cheio de cenários exóticos e assassinatos misteriosos. Mas a única coisa que realmente importava eram as brincadeiras entre Jennifer Aniston e Adam Sandler. Esse clima leve entre os dois cai muito bem para o telespectador de comédia que assiste streaming, pois a trama faz referência a uma era do cinema há muito tempo esquecida.

Os atores interpretam o casal nova-iorquino Audrey e Nick Spitz, detetives semi-amadores na pegada de Nick e Nora Charles (personagens de Dashiell Hammett), que solucionam crimes nos anos 1930, além de serem apreciadores de drinks e coquetéis.

Jennifer Aniston e Adam Sandler, protagonistas de 'Mistério a Bordo' Foto: Scott Yamano/Netflix

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No entanto, Mistério no Mediterrâneo e sua nova sequência, Mistério em Paris, não chegam nem perto do brilho dos filmes The Thin Man, com William Powell, Myrna Loy e seu fox terrier Asta. Mas, como nos filmes de mistério, tudo em Mistério no Mediterrâneo é secundário. Ou seja, o novo filme faz menção a produções cinematográficas da época dos grandes estúdios.

Na trama, o foco é a interação entre Sandler e Aniston. Eles são uma boa companhia para se estar, são cômicos e doces, um casal briguento e muito companheiro – e às vezes isso é o suficiente. O que para muitos pode ser ideal para se passar uma tarde na tv, por outro lado, o filme pode soar como música de elevador – para assistir enquanto se faz outras coisas.

Dirigido por Jeremy Garelick (autor de Se Beber Não Case), que convidou James Vanderbilt para escrever o roteiro, Mistério em Paris começa como uma nova temporada para uma série de TV: com uma recapitulação narrada do que os Spitz têm feito desde o último filme. Após a sorte em resolver o primeiro caso, eles se tornam detetives particulares em tempo integral.

CENÁRIOS

Os detetives têm poucos clientes, mas isso muda com a boa notícia de um amigo do primeiro filme, o marajá. Interpretado por Adeel Akhtar, o personagem liga para convidá-los para seu casamento em para sua ilha particular – antes de irem a Paris, onde continuam a investigação.

Para aqueles que acusaram Sandler de usar filmes como desculpa para sair com os amigos em belos locais, os filmes Mistério no Mediterrâneo não irão decepcionar. Desta vez, a ação aumentou um pouco, especialmente depois que o marajá é sequestrado e um negociador de reféns do MI6 (Mark Strong) aparece. A presença poderosa de Strong dá alguma credibilidade ao caos, principalmente em Paris, mas ele também dá a Sandler e Aniston a figura de um tiozão que gosta de contar piadas. Algumas das anedotas são bem cafonas, mesmo para os padrões do “Homem Magro”, incluindo uma fala de Sandler comparando casamento a negociações de reféns e uma cena de dança em um casamento indiano que dificilmente fará qualquer comparação com RRR.

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Algumas das anedotas são bem cafonas, mesmo para os padrões do “Homem Magro”, incluindo uma fala de Sandler comparando casamento a negociações de reféns

Tudo isso pode dar alguma liga a Mistério em Paris, mas não ajuda em nada a comédia. Apesar disso, a boa química cômica pode ser difícil de encontrar ultimamente, e Aniston - que tem sido maravilhosa nesses filmes - e Sandler mantêm esses filmes mais divertidos do que deveriam.

Especialmente nos últimos anos - um período frio para comédias - o cinema tem lutado para descobrir o que fazer com mulheres brilhantes e engraçadas como Aniston, apesar de seu talento abundante. Mesmo nessas comédias, decentes na melhor das hipóteses, seu senso natural de timing é nítido e animado, e ela e Sandler formam uma dupla encantadora e fluida. Tudo o que eles realmente precisam, pegando emprestado um truque de Nick e Nora, é de um cachorro.

Avaliação do crítico: Duas estrelas em quatro.

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