Você já disse que Birdman é uma história pessoal e símbolo de sua voz interior. Achou que seria uma terapia fazê-lo?
Pois é (ri), foi uma espécie de terapia, um exorcismo.
O filme se afasta de suas outras obras em termos estilísticos, e é sua primeira comédia. Por que mudar de novo?
Não acho que estou mudando de assunto, mudo o modo de tratá-lo. Posso ser muito tétrico, mas tenho senso de humor, também. Ser inteligente é ter duas ideias ao mesmo tempo.
Você parece uma pessoa muito feliz. Por que você faz todas estas coisas lúgubres?
Sou o dia e a noite, todos os dias. Aceito isto.
Como foi trabalhar com outros três roteiristas?
Sempre gostei de trabalhar em colaboração. Foi um processo fascinante, muito engraçado, confessional.
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Você estudou teatro no México, alguma vez chegou a atuar?
Estudei três anos com Ludwik Margules, um polonês. Ele destrói mais vidas do que qualquer outro. Parece o professor de Whiplash. Eu o considero meu mentor. Fiz algumas coisas, mas sou um ator horrível.
Você é amigo de outros diretores, como Alfonso Cuarón e Michael Mann. Como é quando estão juntos?
Alfonso e eu somos amigos há 20 anos e somos muito cruéis um com o outro. Temos uma língua muito afiada, mas nos admiramos; ele é uma pessoa muito importante na minha vida. E Michael foi muito carinhoso comigo. A última vez que nos vimos, há quase um ano, foi num jantar da Academia. Havia um outro diretor, Christopher Nolan. Tomamos vinho e fomos expulsos do restaurante onde estávamos, porque éramos os dois mexicanos típicos que não queriam sair, e Michael foi delicado e nos disse: ‘Tá bom, gente, vocês precisam sair’. É que estávamos esperando que os mariachis chegassem. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA