PUBLICIDADE

Julio Medem explora romance lésbico em 'Um Quarto em Roma'

Diretor espanhol enveredou por caminhos confusos e não é mais o mesmo

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

É difícil entender o que aconteceu com Julio Medem. O diretor espanhol, cultuado por filmes como Os Amantes do Círculo Polar (1998) e Lúcia e o Sexo (2001), enveredou por caminhos confusos e não é mais o mesmo. Seu recente filme Caótica Ana (2007) já demonstrava falta de foco e de rumo. O mesmo acontece neste novo Um Quarto em Roma. Centrando a narrativa em duas jovens e belas mulheres, a espanhola Alba (Elena Anaya, de "Lúcia e o Sexo") e a russa Natasha (Natasha Yaroveko), conta-se a história de uma paixão. As duas moças se encontraram na capital italiana, se olharam num bar e, mesmo que Natasha esteja de casamento marcado e nunca tenha ficado com uma mulher, ela aceita passar a noite com Alba. No dia seguinte, as duas partem para seus respectivos países e vidas bem diferentes. Mesmo que a trama não tenha originalidade - já foi explorada em filmes como o chileno "Na Cama", de Matias Bize, "Antes do Amanhecer", de Richard Linklater, e tantos outros -, poderia, ainda assim, tornar-se interessante. Um problema está no roteiro - do próprio Medem -, inconsistente e pretensioso quando faz digressões sobre música e os quadros que enfeitam o quarto de hotel romano que será praticamente o único cenário de todo o filme. Outro problema está no elenco. Elena Anaya é uma atriz, tendo provado seus talentos em trabalhos de Pedro Almodóvar, como Fale com Ela. Mas ela tem dois inimigos, um no roteiro fraco, que lhe destina frases difíceis de proferir, outro na canastrona colega de cena, a bela ucraniana Natasha Yarovenko. Por causa da fragilidade de interpretação de Natasha, não se consegue acreditar por um minuto na avassaladora paixão que está consumindo as duas moças, que é a espinha dorsal da história. Embora sejam as duas belíssimas, corpos esculturais e tudo, não conseguem suprir a deficiência básica de Um Quarto em Roma - um filme cuja sensualidade artificial chega a cansar. De novo, cabe a pergunta: o que terá acontecido a Julio Medem? Será que ainda vai ter jeito no futuro? (Neusa Barbosa, do Cineweb)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.