PUBLICIDADE

Morre o ator francês Michael Lonsdale aos 89 anos

Ao longo de 60 anos de carreira, Lonsdale fez mais de 200 papéis no cinema, teatro e televisão

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:
O ator francês Michael Lonsdale morreu aos 89 anos, anunciou seu agente em 21 de setembro de 2020. Foto: ETIENNE LAURENT / AFP

PARIS, FRANÇA - O ator francês Michael Lonsdale, que participou de filmes como O Nome da Rosa e gravou com Luis Buñuel, morreu nesta segunda-feira em Paris aos 89 anos, anunciou seu agente à AFP.

Ao longo de 60 anos de carreira, Lonsdale fez mais de 200 papéis no cinema, teatro e televisão.

Michael Lonsdaleparticipou de filmes como 'O Nome da Rosa'e gravou comLuis Buñuel. Foto: Gabriel BOUYS / AFP

PUBLICIDADE

No cinema, Michael Lonsdale participou de mais de 140 filmes, trabalhando com grandes diretores - alguns dos maiores do mundo. Era alto, volumoso e a barba e o bigode lhe conferiam um aspecto professoral. Mas o que marcou sua trajetória foi a voz. Nascido em Paris, em 24 de maio de 1931, o fato de ser bilíngue lhe permitiu trabalhar com grandes autores de língua inglesa e francesa. Foi um extraordinário vilão de James Bond - Hugo Drax - em 007 Contra o Foguete da Morte/Moonraker, de Lewis Gilbert. Tornou-se um favorito na arte de ler livros. Morreu nesta segunda, 21, na capital francesa. Tinha 89 anos. A causa da morte não foi anunciada.

Na Enciclopédia de Cinema, Roger Boussinot lamenta que o cinema francês, dispondo de um ator tão grande, somente tenha lhe oferecido papeis secundários. Com seu físico imponente, mas afetado - ninguém melhor que ele para interpretar esnobes -, Michel Lonsdale nunca pareceu se importar com isso, convencido, e era o seu caso, de que não existem pequenos papéis, mas pequenos atores. O teatro tratou-o melhor, mas isso porque foi amigo de Marguerite Duras, Eugene Ionesco e Samuel Beckett. Sua estreia no cinema foi numa comédia de Michel Boisrond, de 1956, Aconteceu em Aden. Depois, dois filmes sucessivos com Michel Deville, Une Balle Sur le Canon e A Mentirosa. O restante são os clássicos.

Orson Welles (O Processo), Fred Zinnemann (A Voz do Sangue e o Dia do Chacal), François Truffaut (A Noiva Estava de Preto e Beijos Proibidos, como marido da sedutora Madame Tabard, Delphine Seyrig), Marguerite Duras (Détruire Dit-Elle e India Song, também com Delphine), Alain Robbe-Grillet (Glissements Progressifs du Plaisir), Alain Resnais (Stavisky), Joseph Losey (Galileu, A Inglesa Romântica e Monsieur Klein), Luis Buñuel (O Fantasma da Liberdade), Costa-Gavras (Seção Especial de Justiça), Jean Eustache (Une Sale Histoire) e Ruy Guerra (Erêndira).

Com os mestres do teatro do absurdo no palco, e os grandes autores do nouveau roman na tela, Michel Lonsdale marcou presença. Foi Papa, o chefe de um clã de espiões e assassinos em Munique, de Steven Spielberg) e duas vezes emprestou sua dicção potente às dúvidas existenciais e teológicas de personagens de religiosos em O Nome da Rosa, de Jean-Jacques Annaud, e Homens e Deuses, de Xavier Beauvois. ( Com informações da AFP)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.