The Kooks ressurgem com a mesma pretensão

Pedro Antunes

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Era preciso de uma espécie de desintoxicação de todos os membros da inglesa The Kooks para que o terceiro disco, de fato, fosse gravado. Depois de dois álbum elogiados, Inside In/Inside Out (2006) e Konk (2008), a banda entrou no universo da máxima "sexo, drogas e rock'n'roll" e passou, o mês de abril de 2009, para uma espécie de reabilitação.

PUBLICIDADE

"Precisávamos de dar um tempo de tudo e de todos", diz o guitarrista Hugh Harris, de 24 anos, de sua casa em Londres. "Não conseguíamos mais criar! Fomos para a casa de campo de um amigo nosso. Foi um disco difícil."

Junk Of The Heart só saiu em setembro no Reino Unido e agora chega ao País, lançado pela EMI, e traduz um pouco desse momento da banda. "Acho que é um trabalho que fala sobre o amor e ódio, a relação entre esses dois temas tão distantes e, claro, tão próximos", diz Harris. E drogas? "Sim, acho que também fale um pouco disso", complementa o guitarrista, com voz de garoto constrangido.

Em entrevista ao semanário inglês NME, o letrista oficial da banda e também vocalista Luke Pritchard, disse que, por exemplo, Mr. Nice Guy, última faixa do álbum, era sobre o uso de cocaína. Em dado verso, ele canta: "Pensando que todos querem você / Seu nariz está coçando e você está tão devagar". Harris é rápido: "É, esse verso dá a entender sim". E completa: "Mas na realidade, as pessoas usam drogas. Não só os músicos, entende? São coisas que as pessoas experimentam, mas o problema é que a mídia faz com que tudo fique mais evidente."

 Foto: Estadão

Na ativa desde 2004, a banda sofreu mudanças neste terceiro disco. O baixista Max Rafferty, fundador do grupo, saiu alegando divergências musicais com o resto do grupo. Pritchard chegou a dizer que o problema era o abuso de drogas, que estava afetando o resto da banda. Harris explica que ambas as histórias são verdade. "Ele realmente estava com problemas sérios com drogas. Mas também tínhamos ideias divergentes. Ele queria ser o principal compositor da banda, pensar mais. Só que ele é só um ótimo baixista."

Publicidade

A produção do disco é assinada novamente por Tony Hoffer, responsável pelos dois trabalhos anteriores e também por álbuns de Beck, Phoenix, Belle & Sebastian, Black Rebel Motorcycle Club, Depeche Mode e os queridinhos do ano, Foster The People. "Ele produziu bandas que gostamos muito e, desta vez, ele foi fundamental e virou uma parte da banda. "

Por todas as mudanças - e abusos - Junk Of The Heart não é tão inspirado como os trabalhos anteriores. A voz preguiçosa de Pritchard se mantém como a principal característica da banda. Já Harris é, na maioria das vezes, suave com suas guitarras e nos arranjos de um quarteto de cordas. É uma espécie de indie pop teen, com dramas e sofrimentos adolescentes. Afinal, eles ainda têm 20 e poucos anos e cantam sobre a diversão de dar um "beijo de esquimó" numa garota, em Eskimo Kiss. Um roqueiro veterano faria isso? Acho que não.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.