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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

Conheça Josafá, garçom do Mocotó que virou atração entre os clientes

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Por Marcela Paes
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Seu Josafá. Foto: Alex Silva/Estadão

Diferentemente dos clientes que fazem fila para comer no Mocotó, Josafá, ou Bigode, como é conhecido, não almoça nem janta no restaurante que trabalha há 42 anos. É que desde as 5h30, quando inicia a labuta, ele já começa a sentir o cheiro de tempero e fritura dos preparos diários. "A comida é ótima, mas eu prefiro comer em casa. É como o padeiro que faz o pão todo dia, uma hora enjoa de pão", ri.

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Pernambucano como o fundador do espaço na Vila Medeiros - Seu Zé Almeida, pai do chef Rodrigo Oliveira - Josafá virou atração entre os comensais, que gostam de ouvir seus causos, piadas e provar sua caipirinha. O fã-clube é tão grande que, recentemente, um habitué do restaurante fez o garçom mudar o dia de sua folga para que Seu Josafá fosse o responsável pelo atendimento da comemoração de aniversário de sua namorada. "Nunca mexo em folga. Aí brinquei com ele que até mudei minha passagem para o norte para atendê-lo".

A preocupação com o bom atendimento é uma obsessão do senhor de 70 anos, que diz fazer questão de receber os clientes, ir até as mesas e atender aos pedidos de fotos, que volta e meia acontecem. "Eu sou chato com isso do atendimento. A comida pode ser muito boa, mas se o cliente for mal atendido ele não volta. Vem gente de tudo quanto é lugar aqui, até dos Estados Unidos. Imagina", diz.

Seu Josafá conheceu Zé Almeida como frequentador da casa do norte, em 1980. Ele já trabalhava como garçom em uma churrascaria no Largo do Arouche, mas "não gostava do ambiente". "Eu ia ao Mocotó para beber uma cervejinha na minha folga, mas às vezes faltava gente para ajudar, lavar uns copos. Eu lavava e não pagava a cerveja", ri.

A amizade longa entre os dois também teve papel em uma segunda fase do Mocotó. Josafá fez as vezes de interlocutor quando Rodrigo Oliveira quis implementar as mudanças no cardápio do restaurante e as reformas que trouxeram notoriedade ao espaço.

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"O Rodrigo me pedia para convencer o pai dele quando o chefe não queria aceitar algumas coisas", diz. Seu Zé Almeida foi responsável por emprestar R$ 40 mil para que Josafá completasse o dinheiro que faltava na compra de uma casa para sua filha. Agora, Seu Josafá está prestes a terminar a construção de outra casa no mesmo terreno, sua vez de sair do aluguel. "Eu vivo para a minha família e adoro trabalhar. Nunca fui trabalhar de mau humor".

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