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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

‘Está na hora de escrever realmente o que quero’, diz Maria Adelaide Amaral após saída da Globo

Novelista prepara roteiro sobre a história da jornalista Miriam Leitão e lança nova edição do seu primeiro romance, Luísa

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Por Paula Bonelli
Atualização:

Há quatro meses fora da Rede Globo, Maria Adelaide Amaral está redescobrindo a sua atividade de escritora. Sente-se aliviada em poder se dedicar à ficção sem entrega diária de novela ou minissérie: “Nem me diga. É muito bom porque fiquei 32 anos lá. É muito tempo. Se você somar com mais de 20 anos em que trabalhei na Abril... Acho que está na hora de parar e escrever realmente aquilo que quero, ponto final”.

Maria Adelaide Amaral Foto: Denise Andrade/ Estadão

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Com calma e tempo, Maria Adelaide agora desenvolve roteiro de um filme para o diretor Bruno Barreto sobre a história da jornalista Miriam Leitão, que foi presa e torturada na ditadura militar quando estava grávida, e do ex-marido Marcello Neto. Produz o roteiro inspirado no livro de Matheus Leitão, filho da jornalista, chamado Em Nome dos Pais.

Aos 80 anos, a escritora e novelista está lançando ainda nova edição do seu primeiro romance, Luísa, que tem a ditadura como pano de fundo e venceu o Prêmio Jabuti em 1987. É uma história de paixão, de desencontro, de política e amizade que se passa em São Paulo nos anos 1970. “O livro fala sobre pessoas dos anos 70, que viveram o AI-5 em 1968. Muitos amigos meus entraram para a luta armada ou outros deram suporte. A década de 70, não é só a década de chumbo, é também a do desbunde, quando muitos gays começaram a sair do armário no Brasil. Viramos hippies. O livro fala dessa fauna humana.”

Além de obras de literatura, séries e filmes estão sendo feitos sobre esse assunto recentemente, segundo Maria Adelaide. Para ela, há um resgate daquela época. “Tenho muito orgulho de pertencer a essa geração. O que a gente vivia nas redações era um total espírito de fraternidade e solidariedade. Acho que está na hora de a gente resgatar isso.”

No princípio era dramaturga, chegou a imortal da Academia Paulista de Letras, ela conta que começou a ler muito cedo: “Os meus pais não tinham muito tempo para mim. Eram imigrantes “ferrados” e a vida era muito complicada. A gente morava na Mooca, um bairro operário. Então, eu voava quando era criança através da literatura. O livro sempre foi a minha grande companhia.”

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