A tia Julia, a prima Patricia, a hispano-filipina Isabel Preysler e até a ruptura, com direito a soco, com um amigo supostamente por causa de uma mulher.
Mario Vargas Llosa, o gênio peruano das letras falecido no domingo, 13, em Lima aos 89 anos, viveu uma longa e intensa vida amorosa tão exposta quanto sua obra.

Estes foram os principais amores do Nobel de Literatura:
A tia Julia, seu primeiro grande amor
A escritora boliviana Julia Urquidi Illanes, sua tia política, foi o primeiro grande amor do autor de A Cidade e os Cachorros. Na época, ela tinha 29 anos e estava recém-divorciada, e ele, 19.
O próprio Vargas Llosa classificou a relação como “rocambolesca” em suas memórias O Peixe na Água (1993).
O caso amoroso causou um escândalo familiar que azedou ainda mais o já conflituoso vínculo do escritor com seu pai, Ernesto Vargas.
Viveram a relação às escondidas até que se casaram em 1955, em segredo, no distrito de Grocio Prado, a 180 km ao sul de Lima.
O casamento durou nove anos, não tiveram filhos e terminou em Paris em 1964, quando Vargas Llosa a deixou por sua prima-irmã Patricia Llosa Urquidi, sobrinha da tia Julia.
O escritor transpôs seu casamento para a literatura em 1977 em Tia Julia e o escrevinhador. O romance teria repercussões inesperadas, pois ela respondeu em 1983 com o livro O que Varguitas não disse, um texto amargo onde o descreve como mulherengo e infiel.
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Patricia, a mãe de seus filhos
Em 1965, e 10 anos após seu primeiro casamento, o autor de A Tentação do Impossível, aos 29 anos, casou-se com sua prima-irmã Patricia Llosa, de 19 anos e nascida em Cochabamba como a tia Julia.
A polêmica familiar também não foi estranha a esta relação, iniciada em Paris durante uma estadia da prima.
Patricia Llosa foi a mãe de seus três filhos (Álvaro, 1966; Gonzalo, 1967; Morgana, 1974), mas também sua metódica secretária executiva, que desempenhou um papel organizador em sua carreira.
“O Peru é Patricia, a prima de narizinho arrebitado e caráter indomável com quem tive a sorte de me casar há 45 anos e que ainda suporta as manias, neuroses e birras que me ajudam a escrever. Sem ela, minha vida teria se dissolvido há muito tempo em um turbilhão caótico (...)”, disse sobre sua esposa à Academia Sueca em 2010, quando recebeu o Nobel.
A relação terminou em um escândalo midiático em 2015, quando ainda não haviam se dissipado as festividades familiares em Nova York pelos 50 anos de casamento.
A ‘socialite’ Isabel Preysler
“Este foi o ano mais feliz da minha vida”, disse o Nobel à revista espanhola ¡Hola! ao resumir a intensidade de seu relacionamento com Isabel Preysler.
O casal durou até o final de 2022. Nunca se casaram. A ex-mulher do cantor espanhol Julio Iglesias conhecia Vargas Llosa desde 1986, quando o entrevistou para ¡Hola!.
O romance com a celebridade do mundo madrileno deliciou a imprensa de fofocas.
“Desperto curiosidade em certa imprensa há algum tempo pela mulher de quem estou apaixonado. Se esse é o preço que tenho que pagar para estar com a mulher de quem estou apaixonado, eu pago. Com resignação, não com entusiasmo”, disse então o escritor.
O famoso soco
Em 12 de fevereiro de 1976, o Palácio de Belas Artes da Cidade do México foi palco de um dos socos mais célebres da literatura. Naquele dia, Vargas Llosa deu um golpe no rosto de Gabriel García Márquez que não só lhe deixou o olho direito roxo, mas também pôs fim à amizade entre o peruano e o colombiano.
“Isso que você fez com Patricia não se faz” é a frase atribuída a Vargas Llosa no calor do momento, o que foi interpretado como uma alusão a um conflito entre casais.
Em abril de 2014, após a morte do autor de Cem Anos de Solidão, declarou que ambos haviam feito “um pacto de cavalheiros” para guardar em segredo a razão do soco.
“García Márquez e eu fizemos um pacto, que não íamos alimentar a fofoca sobre nossa relação, então ele morreu cumprindo o pacto e eu vou morrer cumprindo o pacto”, disse Vargas Llosa.