Estranhei. A defesa da democracia e o combate à corrupção são óbvios. Ninguém em sã consciência pode ser contrário à democracia ou achar que a corrupção seja algo natural e não deva ser combatida. Acontece que ao priorizar esses dois itens, a nova esquerda sonhada pelo filósofo em nada se distingue de outras correntes políticas. Liberais de todos os matizes diriam a mesma coisa que Fausto.
A única atitude que distingue a esquerda de outras formas do pensamento político é que ela coloca a crítica ao capitalismo como sua prioridade absoluta. Deixar essa crítica de lado, ou relegá-la a um apenas honroso terceiro lugar, significa anular-se enquanto alternativa política.
Uma "refundação", tal como proposta por Fausto, me parece liquidar de vez com a ideia de esquerda. Afinal, uma esquerda que deixa de ser, em sua essência e vocação inicial, visceralmente anticapitalista, de fato não serve para nada.