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A nova moda que começa em 2020

Um consumidor mais consciente da correlação entre seres humanos, natureza e animais vai surgir dessa pandemia

Por Alice Ferraz
Atualização:

Livros e livros de moda são escritos a cada temporada e, neles, imagens de como a sociedade se veste mostram o comportamento de um determinado tempo. É algo que desperta curiosidade e, às vezes, todos riem frente a fotos que hoje se apresentam sem sentido algum dentro do mundo contemporâneo.

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Mulheres que tentavam trabalhar com roupas desconfortáveis para falar o mínimo, os longos vestidos, as camisas engomadas e de golas altas usadas na década de 1920. Como pegar o bonde naqueles trajes? Ir e vir levando o peso de metros de tecidos pendurados?

Há pouco tempo, casacos de pele ainda existiam nas passarelas e, agora, causam angústia em muitos. É interessante pensar como se podia aceitar tal postura de marcas que vendem roupas para uma mulher atual. Mas elas eram aceitas. Não era visto como algo urgente mudar nossa postura de consumo com relação à moda e o comportamento que ela reflete. Qual, então, é a moda que vai manifestar esse novo mundo?

Um consumidor mais consciente certamente vai surgir dessa pandemia. Consciente da imensa correlação que existe entre seres humanos, natureza e animais. Esse pensamento vai trazer uma nova forma de consumir moda e de se vestir, e ela vai refletir a nossa imagem – e essa imagem tem que estar de acordo com quem somos. Departamentalizar a vida em imagens que não conversam entre si vai ficar no passado, que na verdade foi ontem, mas parece anos luz de onde estamos agora.

A estilista Cris Barros veste tiara desenvolvida por artesãs daregião amazônica Foto: Josefina Bietti

Marcas de moda terão que procurar um sentido maior para que, com empatia, seus consumidores tenham orgulho de exibir seus corpos dentro delas. O consumo vai continuar, claro, mas não existe como retroceder a consciência adquirida. Aqui, então, será aberto um espaço para instituições e empresas que, olhando o futuro, já faziam esse movimento de interdependência da cadeia produtiva: quem cria, quem produz, quem vende e quem consome.

A Casa do Rio 

Uma instituição sem fins lucrativos, fundada por Thiago Cavalli, colocou as mulheres como protagonistas, oferecendo seu trabalho artesanal, fruto de saberes ancestrais, de quem mora na floresta amazônica a serviço de marcas de luxo. Produtos que trazem a beleza do feito à mão para as vitrines das principais capitais do Brasil e do mundo.

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A tendência internacional do “one of a kind”, termo que a moda adora para descrever o que é único e, por esse motivo mais exclusivo e também mais caro, é a assinatura de qualquer peça produzida pela Casa do Rio. Apoiar povos da floresta e ainda se vestir com peças únicas e inimitáveis será a quintessência da imagem de moda que poderá ser oferecida aos estudiosos do futuro quando eles olharem para o período que começa em 2020. 

Por que alguém escolheria algo que não fosse lindo mas, ao mesmo tempo, acolhesse a interdependência da cadeia de consumo da melhor forma? Saber de onde vem, como foi feito, qual mão de obra usada vai ser algo natural para que nossa escolha de consumo seja feita.

Um anel de cipó ambé em tramas com ouro e água-marinha criado pela designer Yael Sonia em parceria com a Casa do Rio já existe, é vendido em São Paulo e Nova York para clientes que antes de nós enxergaram o novo luxo. Marcas de moda nacional também encontram esse olhar, como a estilista Cris Barros. Parceira da instituição há três anos, ela cria peças-desejo com a Casa do Rio. Uma visão nova e próspera que agora faz parte do presente e da nova configuração da nova moda.

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