Stella Jean, a estilista italiana de origem haitiana que acaba de anunciar um boicote à Semana de Moda de Milão, diz que sofreu racismo a vida toda.
Mas foi só quando a estilista, de 41 anos, encarou isso na indústria da moda italiana, majoritariamente branca, que ela percebeu o quão relutantes as pessoas são em falar sobre o assunto.
Agora, Stella Jean, cujas saias e vestidos de cores vivas são usados por celebridades como Beyoncé e Rihanna, afirma que não pode mais ficar em silêncio diante do que ela vê como um aumento nos incidentes raciais na moda italiana.
A ex-modelo, ‘apadrinhada’ de Giorgio Armani e única negra a ser indicada para o influente Conselho de Moda da Itália, não exibirá sua última coleção na Semana de Moda de Milão no final deste mês em um protesto contra o racismo.
“Como a primeira e única estilista negra na história do Conselho de Moda, é minha responsabilidade explicar para aqueles que não perceberam a extrema marginalização em que vive minha minoria”, disse ela à Thomson Reuters Foundation.
“Uma geração inteira de novos italianos...viveu por muito tempo em uma condição de invisibilidade total.”
Stella Jean afirmou que embora a discriminação tenha sido uma “companheira de viagem desagradável e pontual” em sua vida, ela só a encontrou na indústria da moda recentemente, quando levantou questões de raça. Ao fazê-lo, ela descobriu que “abordar o assunto do racismo na Itália é até hoje um tabu inconfessável”.
A Itália é mais branca do que a maioria dos outros países europeus e tem havido relativamente pouco debate sobre o passado colonial do país, racismo ou integração.