Morre na Itália autor e dramaturgo brasileiro

Escritor, que estreou em 1977, morava no país há mais de 20 anos e lá publicou ao lado do Nobel Dario Fo

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Por Redação
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Morto em Lucca, na Toscana, na quarta-feira, aos 59 anos, o escritor Julio Cesar Monteiro Martins, radicado na Itália há mais de 20 anos, já era mais italiano que brasileiro, tendo publicado no país cinco livros de contos, poesia em prosa e um romance, Madrelíngua (2005), além de ter participado de uma antologia, Non Siamo in Vendita - Voci Contro Il Regime (2001) ao lado do cineasta Bernardo Bertolucci e do dramaturgo Dario Fo, premiado com o Nobel. A exemplo de Dario Fo, Monteiro Martins foi também dramaturgo, tendo produzido, entre outras peças, Aula Magna.Nascido em Niterói, em 1955, o escritor começou a publicar em 1977, Torpalium (Editora Ática), livro de contos seguido de outra experiência no gênero, Sabe Quem Dançou?, publicado no ano seguinte pela Codecri, editora do jornal nanico O Pasquim. A Codecri também publicaria seu primeiro romance, Bárbara, em 1979. Considerado pelos críticos um dos mais promissores contistas dos anos 1970, ao lado de Caio Fernando Abreu e Domingos Pellegrini, Monteiro Martins criou a própria editora na década de1980, a Ânima, publicando pelo selo quatro livros seus, dois de contos (As Forças Desarmadas, em 1983, e Muamba, dois anos depois), um romance (O Espaço Imaginário, 1987) e um ensaio político (O Livro das Diretas, em 1984).Em 1993, após a chacina da Candelária, quando policiais militares mataram oito meninos de rua (seis deles menores), Monteiro Martins, que foi advogado defensor dos direitos humanos no Rio, ficou responsável pela incolumidade física dos garotos que testemunharam no tribunal. Um ano depois, após ter vendido sua editora para arcar com as custas de um longo processo movido contra o cineasta Cacá Diegues, a quem acusou de ter se apropriado de um roteiro seu para rodar Um Trem para as Estrelas, o escritor decidiu deixar o Brasil, morando primeiro em Portugal e, em seguida, na Itália. Numa entrevista ao Estado, em 2001, ele justificou seu exílio voluntário dizendo que os danos morais causados pelo processo inviabilizaram sua vida no País. Na época, ele já publicara seu segundo livro na Itália, Racconti Italiani (editora Besa, 2000).

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