Pianista prodígio de 26 anos é surpreendido com prêmio raro de R$ 1,5 milhão: ‘Quase caí da cadeira’

Alexandre Kantorow, 26 anos, junta-se a um conceituado grupo de pianistas que ganharam o Gilmore Artist Award, concedido a cada quatro anos

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Por Javier C. Hernández

THE NEW YORK TIMES - O pianista francês Alexandre Kantorow, 26 anos, não tinha certeza do que o homem de Kalamazoo, Michigan, queria quando o convidou para almoçar na Itália.

Então, quando esse homem, Pierre van der Westhuizen, diretor executivo e artístico do Irving S. Gilmore International Piano Festival, começou a contar a Kantorow que ele havia ganhado o Gilmore Artist Award, um dos mais prestigiados prêmios da música clássica, no valor de US$ 300 mil (cerca de R$ 1,5 milhão), ele ficou atordoado.

O pianista francês Alexandre Kantorow ganhou um prêmio de 300 mil. “Foi meio aquele momento ‘Você é um bruxo, Harry’, de Harry Potter." Foto: Reprodução/Instagram/Sasha Gusov/@alexandrekantorow

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“Quase caí da cadeira”, disse ele. “Foi meio aquele momento ‘Você é um bruxo, Harry’, de Harry Potter”.

O Gilmore anunciou que Kantorow se juntaria ao eclético e seleto grupo de pianistas que ganharam o prêmio, concedido a cada quatro anos. (A pandemia causou um atraso de um ano; o último vencedor, Igor Levit, foi anunciado em 2018).

O Gilmore não é concedido como parte de uma competição, então os candidatos nem sabem que estão sendo avaliados. Em vez disso, um pequeno júri anônimo de líderes culturais viaja sigilosamente para concertos por todo o mundo, em busca do artista vencedor com potencial para, de acordo com o prêmio, “causar um verdadeiro impacto na música”.

O prêmio é muitas vezes considerado a versão musical das bolsas “de gênio” da Fundação MacArthur: um prêmio que não pode ser solicitado nem procurado. O longo e confidencial processo de seleção visa julgar os pianistas durante um período prolongado, em contraste com a atmosfera de alta pressão das competições.

Os membros do júri assistiram aos concertos de Kantorow sem seu conhecimento durante anos, em lugares como Alemanha, Suíça, Minnesota, Flórida e muitos outros. Eles também ouviram suas gravações e assistiram a vídeos de suas apresentações. Os jurados ficaram impressionados com seu carisma, curiosidade e “natureza exploradora”, disse van der Westhuizen.

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“Nada fica igual da segunda vez”, acrescentou. “É sempre novo e sempre interessante. Ele tem muito a dizer. Não há nada que o impeça de dizer o que ele quer dizer e como ele quer dizer”.

Trajetória campeã

Em 2019, Kantorow conquistou a medalha de ouro no Concurso Internacional Tchaikovsky, um dos concursos musicais mais importantes do mundo. Ele também recebeu o prestigioso prêmio Grand Prix.

Ele receberá US$ 50 mil para gastar como desejar e poderá aplicar o restante em qualquer coisa que promova sua carreira ou talento artístico durante um período de quatro anos, sujeito à aprovação do Gilmore. Kantorow disse que ainda não tinha certeza de como gastaria o dinheiro, mas que esperava criar algo “que dure, algo concreto”. Ele está pensando em um projeto de filme ou possivelmente em criar um espaço onde músicos possam ensaiar e se reunir.

Outros vencedores do prêmio incluem Rafal Blechacz, Kirill Gerstein, Ingrid Fliter, Piotr Anderszewski e Leif Ove Andsnes.

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Kantorow nasceu em Clermont-Ferrand, França, filho de músicos, e começou a tocar piano aos 5 anos. Gravou vários álbuns, incluindo concertos para piano de Saint-Saëns e obras de Johannes Brahms.

“Seus movimentos são livres e soltos, mas precisos, como os de uma boneca de pano bem coordenada”, escreveu a revista Gramophone no ano passado. “Ele é um dos pianistas mais tranquilos que você pode imaginar”.

Kantorow se apresentará e falará em Kalamazoo no domingo. Em outubro, irá ao Carnegie Hall de Nova York para interpretar um recital de obras de Franz Liszt, Brahms, Franz Schubert e Johann Sebastian Bach.

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“É o melhor tipo de presente que um jovem artista pode receber”, disse ele. “Sinto que agora tenho asas para o futuro”. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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