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Murilo Busolin fala de cultura pop: música, séries e filmes sem descartar os 'guilty pleasures'

JULIETTE: Música para mim não é mais um experimento, é a minha prioridade

‘Eu quero que as pessoas me critiquem, mas me critiquem com propriedade’, afirma a artista, que lançou Sai da Frente na quinta, 25, o primeiro single do seu álbum de estreia.

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Por Murilo Busolin
Atualização:

O meu primeiro contato com Juliette Freire foi poucos meses após a sua explosão midiática em território nacional, com uma vitória esmagadora de 91% no Big Brother Brasil de 2021. Entrou no reality show como maquiadora e advogada e saiu como um dos últimos fenômenos que os brasileiros fomentaram e acompanharam entusiasmados como se fosse uma Copa do Mundo.

Será que vira atriz? Digital influencer? Figura política? A sua afinação na casa mais vigiada do Brasil foi notada por milhões de novos seguidores. Juliette então foi abraçada pelos maiores nomes da música popular brasileira e, com muita demanda, se arriscou como cantora. Seu EP de estreia bateu recordes e ela se apresentou para multidões. Mesmo assim foi contestada pra lá e pra cá se deveria ser chamada de artista. A decisão era unicamente da própria, artista.

A cantora chamou o seu estilo musical de 'pop Juliette', um pop que, segundo ela, é único e genuíno. Foto: Juliana Rocha

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‘Tudo que eu me proponho a fazer eu gosto de estudar, quero que as pessoas me critiquem, mas me critiquem com propriedade. Se você vai criticar, então vai criticar com base. Estudei técnica vocal, teatro e dança e ainda estou estudando, mas é um processo muito aberto e o povo está acompanhando. Eu nunca vi um artista que foi construído dessa forma, de maneira explícita, aos olhos do público’, afirmou sem pestanejar ao ser questionada sobre a sua evolução como cantora.

Um ano e seis meses foram suficientes para que ‘Ju’ entendesse que música é a arte que faz seu coração bater mais rápido. Na última quinta, ela lançou Sai Da Frente, a primeira música de trabalho do seu disco de estreia, previsto para o segundo semestre deste ano.

‘Esse trabalho mostra a minha principal vontade. Nesse pouco tempo que tenho na música eu consegui entender qual era o meu frio na barriga, o propósito, o que eu realmente quero. O novo projeto vem para solidificar a minha veia artística musical, é a minha prioridade’, disse.

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Um pop Juliette e primeiro disco.

O primeiro single escolhido é, de longe, a sua aposta comercial mais pop até aqui, mas ainda assim carrega a forte identidade de Juliette e as suas referências nordestinas. A sonoridade lembra o belo catálogo de Duda Beat, mas com uma letra que faz total alusão à trajetória da cantora de Diferença Mara.

‘Nessa minha primeira música você nota o diferencial dela com os elementos da música paraibana. Toda a ancestralidade da mulher nordestina embalada em um pop genuíno, um pop que é só meu. Estou mais pop do que nunca, mas é um pop Juliette’, responde.

O videoclipe foi lançado nesta sexta, 26, e é dirigido por Felipe Sassi, o “Midas” do pop brasileiro, braço direito de cantoras como Iza e Ludmilla.

‘Eu já tinha visto o trabalho de Felipe e sempre achei genial, não foi difícil decidir que ele seria o diretor do videoclipe. As nossas ideias se casaram completamente, ele se entregou 100% no meu conceito, acho que ele não dorme há meses (risos). Ele acreditou muito, está muito empolgado com esse lançamento e eu gosto de notar isso, o visceral, sabe?’, completa.

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Sassi trouxe toda a estética e fez essa parceria com todos os meus conceitos escolhidos, de uma forma bonita e chique. E não tem nada de réplica, é algo de verdade.

O vídeo de Sai Da Frente trás essa questão feminina, do quanto nós somos contrariadas, mas mesmo assim estamos a todo tempo seguindo firme e tirando tudo que há no caminho de cabeça erguida. Esse vídeo abre espaço para um recheio muito bonito do que está por vir. Sassi está envolvido em todos os trabalhos que faremos para o disco, completa a cantora, visivelmente animada.

Ao contrário do seu primeiro EP ‘Juliette’, a paraibana deu um toque pessoal em todos os detalhes que envolvem seu álbum de estreia: ‘Algumas faixas eu participei como compositora e até no arranjo eu mexi. Queria uma batida aqui, outro traço ali, mais alto, mais baixo. Tem um sabor de Juliette em tudo’.

Agora eu trago essa multiplicidade que eu sou. Temos vários ritmos misturados, letras que falam de mim ou de situações que vivo ou vivi. A sonoridade é de uma ‘Ju’ mais leve. É uma leveza de ser, mas com muita força e coragem. As produções foram construídas do zero e eu ajudei em absolutamente tudo, cada barulhinho que você escuta tem um dedo meu’, disse.

Os seus fãs mais aficionados, os ‘cactos’, continuam extremamente organizados quando o quesito é manter o engajamento de Freire no topo das paradas. Eles trouxeram seu hit Benzin (2021) de volta para o top 20 do Spotify Brasil recentemente, uma tarefa nada fácil nos dias atuais. Apenas três cantoras pop brasileiras estão presentes no chart diário do maior aplicativo de streaming do País. Será que eles vão ganhar uma homenagem especial no disco?

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‘Tudo que eu me proponho a fazer eu gosto de estudar, quero que as pessoas me critiquem, mas me critiquem com propriedade'. Foto: Juliana Rocha

‘A minha existência! Eles vão sentir cada letra. É sobre a nossa vida, eles vão entender onde tem shade, onde tem indireta, onde tem ‘direta’, vão entender quando tem literatura, já que eu cito livros e outras músicas. Depois que o projeto estiver no mundo, vamos organizar de que forma vamos fazer essa divulgação e espero muito que tenha turnê'.

Os cactos especulam colaborações com Elba Ramalho e João Gomes no projeto, mas Juliette não confirmou – e nem negou.

Evolução pessoal

A artista está obcecada pelo trabalho de Rosalía, assistiu ao show que ela fez em São Paulo (2022) e afirmou que não tira a espanhola de sua playlist. Juliette é gente como a gente e também consulta os charts do Spotify de outros países para saber o que está bombando. Demonstrando também estar muito mais ativa nas redes sociais, agora ela lida com a fama (e também com o hate) de uma maneira mais natural e desenvolta. Livre, leve e solta.

‘Eu passei por uma fase de evolução pessoal e realmente estou nesse lugar mais leve. Era tudo muito novo e havia muito medo. Agora estou bem, e quando você está bem, você abre as portas e é acessada com muito mais facilidade’, revela.

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'O novo projeto vem para solidificar a minha veia artística musical, é a minha prioridade’. Foto: Juliana Rocha

‘Essa mudança pode ser vista na minha primeira música de trabalho e também no disco. Gosto muito do EP, mas ele mostra como eu estava depois daquele furacão que foi o Big Brother Brasil, vejo uma fragilidade maior naquela Ju de antes’, complementa.

“Desta vez estou empoderada. Estou solteira, mas estou pegando gente, porque não estou podre, né? Mas agora tomo posse do lugar que estou, me reconectando com a antiga Juliette, muito mais mulher e com muito mais consciência.”

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