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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Brian De Palma eletriza a Cinemateca Suíça

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Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
Nikolaj Coster-Waldau, chega aos 82 anos no dia 11 de setembro Foto: Estadão

RODRIGO FONSECA Vai ter retrospectiva de Brian de Palma na Cinémathèque Suisse, em Lausanne, de 1º setembro a 30 de outubro, numa revisão história da obra do cineasta de 81 anos. Pra chegar a programação, basta clicar:https://www.lausanne-tourisme.ch/fr/evenement/retrospective-brian-de-palma/. Mas a pergunta que fica, sempre: cadê "Dominó"? Protagonizado pelo ótimo Nikolaj Coster-Waldau, no papel de um policial em busca de vingança, o último thriller do diretor está há dois anos sem tela, confirmando uma maldição que se abateu sobre seu realizador. Ninguém lançou o longa-metragem aqui e, nos EUA, ele passou batido, prejudicado por uma série de problemas de produção. Nos bastidores, fala-se em calote, que nem De Palma nem os atores foram remunerados como deveriam. Seu fracasso acabou prejudicando projetos posteriores do midas do suspense da Nova Hollywood, como "Catch and Kill" e "Sweet Vengeance". Dois outros longas rodados pelo cineasta americano de 80 anos permanecem inéditos aqui. Exibido no Festival de Rio de 2008, "Guerra sem cortes" ("Redacted"), um libelo contra a intervenção militar de Bush no Iraque, jamais foi lançado comercialmente nos cinemas brasileiros. O mesmo pode se dizer do suspense "Passion", que concorreu ao Leão de Ouro de Veneza em 2012, mas até hoje permanece zero km no circuitão. "Dália Negra", seu último sucesso, lançado em 2006, também sumiu das telas e dos streamings. O que expeliu um cineasta desse naipe do circuito?

 Foto: Estadão

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Nascido em 11 de setembro de 1940, em Newark, Nova Jersey, Brian Russell De Palma, um estudante de Física, estreou como realizador em 1960, ao rodar o curta-metragem "Icarus". Filho de um cirurgião, a quem acompanhou em muitas operações, De Palma rodou 35 filmes nas últimas cinco décadas. Dirigiu sete curtas entre 1960 e 1966, além de um videoclipe para Bruce Springsteen, desenvolvido a partir da canção "Dancing in the dark". Na seara dos longas-metragens, contabiliza 31 produções, rodadas entre 1968 - quando debutou no formato, com "Murder à La mod" - e 2019 - quando "Dominó" entrou em cartaz em Israel e na Hungria. Avaliando-se tudo de bom que o diretor assinou, "Dublê de corpo" (1984), "Scarface" (1983) e "Carrie, a estranha" (1976) são considerados obras-primas em sua carreira, cujos maiores êxitos comerciais foram projetos de "encomenda". Seus blockbusters: "Os Intocáveis" (1987), cujo faturamento beirou US$ 76,2 milhões, e "Missão: Impossível" (2006), que registrou uma arrecadação mundial de US$ 456,7 milhões.

Cena de "Dominó - A Hora da Vingança" Foto: Estadão

Controverso por excelência, classificado como misógino e voyeurista, De Palma foi, durante décadas, classificado como um pastichador de Alfred Hitchcock, até que uma retrospectiva realizada em 2002 no Centre Pompidou recontextualizou sua filmografia, buscando uma identidade autoral própria para além de suas referências. Em 2007, quando lançou "Guerra sem cortes", usando elementos da linguagem digital retirados do YouTube, o cineasta declarou: "Hitchcock é o maior mestre da arte contar histórias a partir de imagens e se eu uso alguma referência de sua gramática esses elementos complexificam o que eu conto. Mas acho que hoje, após quase 50 anos como diretor, eu já tenho meus próprios métodos configurando um estilo". Tem "Missão: Impossível" na Netflix, pra quem quiser conhecer De Palma. E tem "Carrie", "Scarface", "Um Tiro na Noite" na Amazon Prime, onde é possível alugar "Síndrome de Caim".

p.s.: Durante a 36ª sessão do júri do Berlinale World Cinema Fund (WCF), em fevereiro, foram feitas seis recomendações de financiamento para projectos do Burkina Faso, Chile, Colômbia, República Democrática do Congo, Egipto e Irão, bem como uma recomendação de financiamento da distribuição para o lançamento alemão de um filme do Sudão. As recomendações de financiamento para o programa WCF Europa serão anunciadas no início de setembro. "Neste momento, em tempos de guerra e conflitos globais, o trabalho do WCF parece especialmente importante. O WCF promove activamente a democratização das colaborações internacionais. Além disso, concentra-se em filmes que ligam as pessoas em vez de as confinar - filmes que convencem com a sua identidade artística", diz Vincenzo Bugno, chefe do WCF.

p.s.2: Kurt Wenner, pioneiro no estilo de arte tridimensional interativa, ao ar livre, está vindo ao Brasil, tendo São Paulo como destino. O artista tem em seu currículo participação no desenvolvimento de projetos criativos junto à NASA, devido à sua técnica e precisão, além de trabalhos para Disney, Warner, Microsoft, BBC e Universal Studios. Kurt já recebeu também o Kennedy Center Medallion, por sua notável contribuição à educação artística global. Em sua primeira visita a um país da América do Sul, a convite da marca ibis Styles, da rede de hotéis Accor, o artista vai apresentar uma obra exclusiva, de 7x5 metros por 2,5 de altura - que ficará disponível de 16 a 30 de agosto no Shopping Eldorado, em São Paulo. A proposta da ação é estimular a curiosidade do público e gerar surpresa. Os visitantes poderão tirar fotos e publicar em suas redes, utilizando a hashtag #momentowow e mencionando o perfil @ibis.br no Instagram.

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p.s. 3: O monólogo "Cora do Rio Vermelho" segue em circulação pelas unidades do Sesc do Rio de Janeiro: esta semana é dia de apresentações no Sesc Ramos (quinta-feira, às 19h) e Sesc Madureira (sexta-feira, às 19h). Com direção de Isaac Bernat, o espetáculo com Raquel Penner reúne passagens da vida e da obra da poeta, contista e doceira Cora Coralina, que falam sobre a força feminina e a alma da mulher brasileira. A dramaturgia reúne passagens de sua vida e diversos poemas retirados dos livros "Vintém de cobre - meias confissões de Aninha"; "Meu Livro de Cordel"; "Villa Boa de Goyaz"; e "Poemas dos becos de Goiás e estórias mais".

p.s.4: Projeto de programação artística e articulação entre criadores de diferentes países, o Câmbio Festival está de volta com residências, aulas, apresentação de espetáculos e criações audiovisuais, que serão realizadas em agosto e setembro, na Sede da Cia dos Atores, na Lapa. Com curadoria e produção de Cesar Augusto e Jonas Klabin, o projeto volta a realizar edição presencial, depois de atividades virtuais em 2020 e 2021, em meio à pandemia. A programação deste ano começa com convocatória para a residência do coreógrafo e bailarino italiano/israelense Andrea Costanzo Martini, de 15 a 22 de agosto, que resultará em obra criada coletivamente de 2 a 10 de setembro. Durante a sua passagem pelo Rio de Janeiro, o artista também vai oferecer uma aula aberta e apresentar o solo "Trop". Mais informações em www.cambio.art.br.

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