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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

.Doc de Matt Dillon segue inédito no Brasil

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
Matt Dillon na direção do documentário sobre uma lenda da canção cubana Foto: Estadão

RODRIGO FONSECA Zhang Yimou vai abrir San Sebastián nesta sexta com um filme que deveria ter sido exibido na Berlinale de 2019, mas acabou limado (estima-se que à força de decisões trôpegas do governo chinês), seguindo, um par de anos depois, para a cidade do norte espanhol. Cidade que é uma mina de achados, como se viu ano passado, quando trouxe um .doc pilotado por Matt Dillon para sua seleção oficial. Celebrizado na década de 1980 por sua rebeldia como o Rusty James de "Rumble Fish - O Selvagem da Motocicleta", Dillon é sempre citado por esbanjar uma sensualidade que arrancou elogios até de Caetano Veloso. Mas o ator americano, hoje com 57 anos, foi além dos rôtulos. Ele saiu da Espanha, em 2020, consagrado num papel inusitado: o de documentarista. Fora de competição no evento, realizado no norte da Espanha, "El Gran Fellove" é o primeiro trabalho dele como diretor de narrativas documentais, tendo a música cubana como foco. A narrativa de Dillon se debruça sobre a história do cantor Francisco Fellove (1923-2013), que deixou Havana e partiu para o México nos anos 1950, retornando para seu país em 1979, sem rever o mesmo sucesso. "Fellove foi um herói à sua época, ao desafiar a pobreza e os interditos à realidade onde nasceu, firmando-se pela beleza de sua música", disse Dillon ao Estadão em San Sebastián, quando revelou-se um expert em ritmos latinos. "Compro discos desde os 12 anos, mas não como colecionador, para aumentar minha discoteca. Compro tudo o que posso por ser um curioso dos diferentes ritmos musicais. Cheguei a Fellove numa dessas buscas por música boa e me encantei com seu ritmo" Dillon conheceu Fellove em Nova York, em 1999, e filmou-o enquanto gravava um disco, até hoje inédito. "Ele tinha um cantar singular e sonhava imortalizar esse canto na indústria fonográfica. A história dele me revela muito dos artistas negros que enfrentaram preconceitos buscando aceitação", diz Dillon, que arrebatou a plateia ao reunir imagens de arquivo raras da cena musical de Cuba e do México nas décadas de 1950 e 60. "Minha trajetória como ator me deu subsídios afetados para a forma de abordar os meus entrevistados". Até hoje, "El Gran Fellove" não estreou no Brasil. Quem sabe o barulho da nova edição de San Sebastián não serve de estímulo aos distribuidores locais. Por lá vai ter a produção do Centro-Oeste "Madalena", de Madiano Marcheti (um estudo sobre a transfobia) e o curta musical carioca "Fantasma Neon", que rendeu o Leopardo de Ouro a Leonardo Martinelli, em Locarno, em agosto. A maratona espanhola segue até o dia 25.

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