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Matt Dillon vai ser homenageado em Locarno

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Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
Aos 58 anos, Matt Dillon será homenageado no Festival de Locarno, na Suíça, que vai de 3 a 13 de agosto: est foto é uma cena ele em "Nimic"  

RODRIGO FONSECA Espera-se que "Eureka", o novo longa-metragem do argentino Lisandro Alonso possa figurar entre os filmes selecionados para concorrer ao Leopardo de Ouro no 75º Festival de Locarno, na Suíça, embora nada tenha sido confirmado. Agendado de 3 a 13 de agosto, o evento vai anunciar suas atrações no dia 6 de julho, mas já antecipou, nesta terça-feira, a escolha de Matt(hew Raymond) Dillon para receber um prêmio honorário pelo conjunto de sua obra. Ele recebe a honraria no dia 5 de agosto. Aos 58 anos, ele vem encantando a Europa com um .doc musical que dirigiu em 2020: "El Gran Felove", ainda inédito no Brasil. Celebrizado na década de 1980 por sua rebeldia como o Rusty James de "Rumble Fish - O Selvagem da Motocicleta", Dillon é sempre citado por esbanjar uma sensualidade que arrancou elogios até de Caetano Veloso. Mas o ator americano foi além dos rótulos. Ele saiu da Espanha, há dois anos, consagrado por esse filme sobre o cantor cubano Francisco Fellove (1923-2013), esbanjando elegância no posto de documentarista. A narrativa de Dillon se debruça sobre como Felove deixou Havana e partiu para o México nos anos 1950, retornando para seu país em 1979, sem rever o mesmo sucesso. "Fellove foi um herói à sua época, ao desafiar a pobreza e os interditos à realidade onde nasceu, firmando-se pela beleza de sua música", disse Dillon ao Estadão em San Sebastián, quando revelou-se um expert em ritmos latinos. "Compro discos desde os 12 anos, mas não como colecionador, para aumentar minha discoteca. Compro tudo o que posso por ser um curioso dos diferentes ritmos musicais. Cheguei a Fellove numa dessas buscas por música boa e me encantei com seu ritmo".

"El Gran Felove" Foto: Estadão

Lembrado ainda por sua atuação recente em "A Casa Que Jack Construiu" (2018), Dillon conheceu Fellove em Nova York, em 1999, e filmou-o enquanto gravava um disco, até hoje inédito. "Ele tinha um cantar singular e sonhava imortalizar esse canto na indústria fonográfica. A história dele me revela muito dos artistas negros que enfrentaram preconceitos buscando aceitação", diz Dillon, que arrebatou a plateia ao reunir imagens de arquivo raras da cena musical de Cuba e do México nas décadas de 1950 e 60. "Minha trajetória como ator me deu subsídios afetados para a forma de abordar os meus entrevistados". Até hoje, "El Gran Fellove" não estreou no Brasil. Quem sabe o barulho de Locarno não serve de estímulo aos distribuidores locais. "Matt Dillon encarna com suprema liberdade uma ideia do artista e do cinema americano que nós amamos profundamente: a inquietude da juventude e a liberdade da maturidade", diz o crítico Giona A. Nazzaro, diretor artística do festival suíço. "Um artista que construiu um sucesso duradouro e transgeracional sem nunca se esquivar de explorar novos desafios e novas linguagens. Ator e diretor espantoso, Dillon representa o melhor de uma ideia de cinema americano nascida nos anos 1970, enquanto celebra a coragem de escolhas não convencionais. Temos a honra de celebrar com ele o 75º aniversário do Festival de Cinema de Locarno".

 Foto: Estadão

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Em 2019, Dillon foi visto nas telas de Locarno à frente do curta-metragem "Nimic", de Yorgos Lanthimos, que integra a grade da plataforma MUBI, hoje. Além de ter participado há pouco do set de "Asteroid City", de Wes Anderson, ele está finalizando "An Ocean Apart", de Frédéric Garson, sobre o romance entre a escritora e filósofa Simone de Beauvoir (vivida por Charlotte Gainsbourg) e o romancista Nelson Algren. Além de Dillon, Locarno vai homenagear a realizadora Kelly Reichardt, a compositora e artista visual Laurie Anderson, o produtor Jason Blum e o realizador Costa-Gavras.

p.s.: Embalado por clássicos da música romântica, como "Alma Gêmea", "Sandra Rosa Madalena", "Garçom", "Escrito nas Estrelas", "Você Não Vale Nada, Mas Eu Gosto De Você" e "Evidências", o divertido espetáculo "O Meu Sangue Ferve Por Você" volta ao cartaz, nesta sexta-feira, no Teatro Clara Nunes, no Shopping da Gávea, com sessões às sextas e sábados, às 21h, e aos domingos às 20h. Sucesso de público e crítica há mais de 10 anos, a comédia musical, com roteiro de Pedro Henrique Lopes, direção geral de Diego Morais e direção musical de Tony Lucchesi, lota os teatros por onde passa, ao contar a história de um quadrilátero amoroso que vive as alegrias e as dores do amor. Em cena, estão os atores Thati Lopes, Cristiana Pompeo, Pedro Henrique Lopes e Victor Maia. O elenco dá vida a quatro personagens: a mocinha virgem, o canalha, a mulher da vida e o bom moço rejeitado, que cantam em cena a intensidade de uma grande história de amor.

p.s.2: O espetáculo "Cora do Rio Vermelho", que faz um passeio pela vida e a obra da poeta, contista e doceira Cora Coralina, encerra temporada, neste domingo (26/06), no Teatro Poeirinha, em Botafogo. O monólogo com Raquel Penner reúne textos e poemas que falam sobre a força feminina e a alma da mulher brasileira. Com dramaturgia de Leonardo Simões e direção de Isaac Bernat, a peça propõe uma relação de cumplicidade entre atriz e plateia, com perguntas e provocações. "Cora Coralina foi uma mulher múltipla e libertária. Removeu pedras e abriu caminhos para outras mulheres", elogia Raquel.

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