'A Casa do Dragão': Matt Smith fala sobre interpretar o desonesto príncipe Daemon Targaryen

O príncipe Daemon foi um agente do caos na estreia da série, mas 'ele tem uma bússola moral estranha própria', diz ator

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Por Sean T. Collins
Atualização:

* Esta entrevista inclui spoilers da estreia da série A Casa do Dragão.

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O príncipe Daemon Targaryen é um homem de ação, e isso combina bem com o homem que o interpreta em A Casa do Dragão.

“No plano da atuação, sempre fiquei muito feliz por não estar em muitas das grandes cenas de mesa”, disse Matt Smith, que compartilha o desgosto de seu personagem real pelas minúcias de sentar e administrar os Sete Reinos de Westeros. “Elas geralmente são as mais difíceis de filmar – as que podem deixá-lo maluco. Eu prefiro estar em um cavalo com uma espada na mão.”

Matt Smith interpreta o Príncipe Daemon, um Targaryen com gosto pelo conflito, em 'A Casa do Dragão'. Foto: Ollie Upton/HBO

É claro que estrelar A Casa do Dragão – a série, uma pré-sequência do blockbuster da HBO Game of Thrones, baseada no romance de fantasia Fogo & Sangue do autor George R.R. Martin – significa estar em montarias muito mais exóticas do que meros cavalos. Como o herdeiro potencial da dinastia Targaryen e seu trono real, o Trono de Ferro, Daemon é perigoso e monta um dragão. 

Criada por Martin e Ryan Condal, que atua como showrunner junto com o diretor Miguel Sapochnik, A Casa do Dragão narra um momento turbulento na história dos Targaryen e seus corcéis de fogo, quando uma crise de sucessão ameaça destruir a família e o reino que governam. Como o irmão mais novo do governante Rei Viserys (interpretado por Paddy Considine), Daemon está no centro do conflito e surgiu na estreia da série na noite de domingo como um de seus personagens mais carismáticos.

E se você o achou fascinante, você não está sozinho. Em uma conversa por telefone na semana passada, um pensativo Smith, que já atuou em outras grandes franquias como Doctor Who e The Crown, lutou abertamente com a dualidade de Daemon – agente do caos em um momento, ferozmente leal e amoroso depois.

"Há uma espécie de folclore entre os fãs de Fogo & Sangue e Game of Thrones que quando um Targaryen nasce, você joga uma moeda", ele disse. “Um lado é a grandeza e o outro lado é a loucura, e você não sabe de que lado a moeda vai cair.”

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“Com Daemon,” ele continuou, “a moeda ainda está no ar.”

Estes são trechos editados da conversa.

Cena da série'A Casa do Dragão' Foto: HBO Max

Você já participou de algumas grandes séries antes. É certo dizer que esta é de uma magnitude maior?

É uma grande série e tem um apelo global, obviamente. Há um enorme legado antes dela, e estamos nos ombros de gigantes. Se podemos ou não recriar o nível de sucesso que eles tiveram com Game of Thrones… acho que é quase impossível.

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Mas com todos os trabalhos, realmente, você não pode pensar demais nisso. Você está lá para ser o mais autêntico possível no dia-a-dia como ator. Então eu não dou muita atenção a isso.

Mas quando conhecemos seu personagem, ele está sentado no Trono de Ferro, falando na língua inventada chamada Alto Valiriano. Eles te jogaram no fundo do poço.

Pois é, direto no fundo do poço. Quando recebi o roteiro, olhei para todas aquelas coisas do Alto Valiriano e pensei [suspirando], “Ah, eu tenho que aprender um novo idioma”. Mas eu realmente achei isso muito gratificante. Foi uma experiência bastante reveladora e informativa. Quando você fala um idioma diferente, ele acessa uma parte diferente de você.

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'Game of Thrones' era famoso, ou infame, por seu sexo e violência. Neste episódio, Daemon é o cara fazendo sexo e sendo violento.

Bem, quando você aceita um trabalho como esse, você sabe em algum nível no que está se metendo. Há uma marca lá. Você sabe que no mundo que George criou, esses elementos e essas cenas provavelmente entrarão em algum momento.

Alguém gosta de fazer esse tipo de cena [de sexo]? Provavelmente não. Elas te expõem muito. Você tem 100 pessoas em volta olhando para você. Mas eu tive um relacionamento maravilhoso com Sonoya [Mizuno], que interpretou Mysaria [a amante prostituta de Daemon]. Ela está brilhante lá.

O vínculo entre Daemon e Mysaria é incomum porque as pessoas em suas respectivas classes sociais quase nunca interagem como iguais, que é como eles parecem se ver.

É uma das coisas muito atraentes sobre Daemon: ele vive nos dois mundos. Ele vive no ventre da besta, e ele mora na Fortaleza Vermelha, em palácios e tudo mais. Ele tem muito respeito por Mysaria. Estou interessado em ver para onde esse relacionamento vai.

O relacionamento mais importante que Daemon tem na estreia é com seu irmão, o Rei Viserys, e o contraste é impressionante. Viserys quer ser amado, enquanto Daemon realmente não se importa com o que as pessoas pensam.

Isso é verdade. Mas o que quis mostrar, que talvez não estivesse lá muito claramente, é que há uma profunda fragilidade em Daemon, na verdade – principalmente quando se trata de seu irmão. Ele se importa com o que seu irmão pensa. O resto do império pode não gostar. Ele realmente não dá a mínima.

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Mesmo que Viserys o expulse de Porto Real no final do episódio, há uma afeição óbvia entre os dois.

Sim, e eu e Paddy realmente achamos isso. Há um amor bastante profundo entre eles, e espero que seja algo que ganhe vida ao longo de todos os 10 episódios.

A coisa com Daemon é que ele continua pressionando – forçando a barra, os limites, questionando as regras que estavam em vigor ao seu redor. Mas é estranho. Quanto mais tempo eu passava com intrigas palacianas... Ele tem uma bússola moral estranha. Quando parece que ele está sendo apenas instável e louco, ele acha que está fazendo a coisa certa.

Você mencionou intrigas palacianas, e o Pequeno Conselho do rei é um campo de batalha por si só. Como foi atuar com tantas dinâmicas de personagens diferentes ao mesmo tempo?

Primeiro, foi uma alegria trabalhar com Rhys Ifans [que interpreta o rival político de Daemon, Otto Hightower], que é um ator brilhante e bonito e, de fato, um homem ainda mais brilhante e bonito. Da mesma forma com Paddy, Steve [Toussaint, que interpreta o comandante naval Lord Corlys Velaryon] – são caras realmente bons. Gostei disso por causa da petulância de Daemon, aquele tipo de lançamento caótico de pequenas bombas de propósito… É quase como se ele realmente nem estivesse interessado em poder. Muitas pessoas perguntam isso: “É poder? É o trono?” Não é. Acho que é essencialmente a obstrução do poder. Essa foi uma boa energia para se trabalhar. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

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