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Desemprego fica em 7,5% no trimestre encerrado em novembro

Este é o menor resultado desde fevereiro de 2015, quando também foi de 7,5%

Por Daniela Amorim (Broadcast)
Atualização:

RIO - A taxa de desemprego no País caiu de 7,6% no trimestre terminado em outubro para 7,5% no trimestre encerrado em novembro, menor resultado desde fevereiro de 2015, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta sexta-feira, 29, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Considerando apenas trimestres terminados em novembro, a taxa de desocupação foi a mais baixa desde 2014.

O País registrou uma geração de 853 mil vagas no mercado de trabalho no trimestre até novembro em relação ao trimestre encerrado em agosto. A população ocupada alcançou um recorde de 100,508 milhões de pessoas no trimestre encerrado em novembro. Em um ano, mais 815 mil pessoas encontraram uma ocupação.

O contingente de desempregados recuou em 209 mil pessoas em um trimestre, totalizando 8,202 milhões de pessoas em busca de trabalho no trimestre até novembro, menor patamar desde abril de 2015. Em um ano, 539 mil pessoas deixaram o desemprego.

“Em suma, o mercado de trabalho brasileiro permanece sólido, apesar da desaceleração no emprego em um contexto de crescimento econômico mais moderado”, avaliou a gestora de recursos XP Investimentos, em relatório.

A Tendências Consultoria Integrada prevê avanço moderado da população ocupada no curto prazo, diante da desaceleração em curso da economia global, dos efeitos defasados da política monetária doméstica, do menor impulso fiscal e do fim do impulso expressivo do setor agropecuário.

“Em 2024, o desaquecimento do mercado de trabalho deve dar menos apoio ao consumo das famílias nos segmentos de serviços e, em parte, em bens. Todavia, um recuo mais expressivo no consumo deve ser evitado pelas condições financeiras mais benéficas esperadas no próximo ano”, avaliou o analista Lucas Assis, da consultoria Tendências.

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O ambiente de redução na taxa de juros, maior contingente de trabalhadores com carteira assinada e crescimento na renda destinada ao consumo das famílias podem fazer o mercado de trabalho mostrar novo impulso na geração de vagas ao longo de 2024, opinou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Resultado do desemprego pelo Pnad é o menor desde fevereiro de 2015, quando também foi de 7,5% Foto: Nilton Fukuda/Estadão

“A renda está aumentando. O crédito tem a ver com juros, então, havendo redução de juros, há sim essa possibilidade desse aumento do crédito, e parte desse crédito ser convertido para o consumo das famílias”, pontuou Beringuy. “Acho que esse ano de 2024 vai ser um ano que o mercado, não só o mercado financeiro, mas o mercado como um todo, o mercado de consumo, mercado de trabalho, já vai operar num ambiente de juros menores, crescimento de trabalhadores de modo geral, com carteira (assinada), e isso sim pode sustentar e até mesmo impulsionar mais ainda a população ocupada”, previu.

Segundo ela, caso seja mantida a trajetória de redução de juros iniciada em 2023, o barateamento do crédito impactaria positivamente o mercado de trabalho via consumo das famílias. Beringuy lembrou que agentes econômicos conseguiriam captar recursos a um custo menor, enquanto aumentaria a expectativa de crescimento de vendas, em função da expansão da renda das famílias.

“Digamos assim, seria uma combinação favorável para quem produz, o setor produtivo, e que refletiria favoravelmente no mercado de trabalho”, justificou. “Obviamente que, como a propensão marginal a consumir no Brasil é muito grande, então a principal parte da renda se reverte em consumo. Então é de se esperar que haja reflexos positivos. Já está tendo, né. A gente está vendo um mercado de trabalho que está alcançando patamares bem elevados, seja por uma população ocupada na casa de 100 milhões, seja porque parte importante desse crescimento está ocorrendo por meio do trabalho com carteira assinada”, frisou a coordenadora do IBGE.

Expansão na carteira assinada

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O País registrou uma geração de 515 mil vagas com carteira assinada no setor privado em apenas um trimestre. Em um ano, 935 mil vagas com carteira assinada foram criadas no setor privado, totalizando 37,727 milhões de pessoas trabalhando nessas condições, segundo maior contingente desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012, atrás apenas do desempenho de junho de 2014.

Segundo Beringuy, os resultados do mercado de trabalho já são “importantes”, e, a depender do panorama econômico, pode haver uma manutenção desses efeitos positivos ao longo de 2024, “tendo uma expectativa mais duradoura desse crescimento da população ocupada e até mesmo um impulsionamento ainda maior”, observou.

Até aqui, há crescimento da população ocupada no mercado de trabalho em todas as formas de inserção, tanto pela via formal (com o contingente atuando com carteira assinada entre os maiores patamares da série histórica) quanto a informal (que alcançou novo pico de trabalhadores no trimestre até novembro, 39,4 milhões), apontou Beringuy.

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A pesquisadora frisa que a queda na taxa de desocupação tem sido puxada pela geração de vagas, e não pela desistência na busca por trabalho. O fenômeno de aumento das contratações, que levou a um novo recorde na ocupação, tem influência sazonal, uma espécie de padrão que ocorreu também em outros anos. No entanto, desta vez, os setores que mais absorveram novos trabalhadores estão mais distantes do espectro dos serviços e comércio, frisou a pesquisadora. Os grandes destaques na geração de vagas foram a indústria e a construção, o que sinaliza que uma melhora na atividade econômica poderia ser a explicação para essa alta na ocupação.

Sete das dez atividades econômicas pesquisadas registraram contratações na passagem do trimestre terminado em agosto para o trimestre encerrado em novembro: indústria (369 mil), serviços domésticos (56 mil), informação, comunicação e atividades financeiras, profissionais e administrativas (205 mil), administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (39 mil), construção (199 mil), outros serviços (143 mil) e transporte e armazenagem (130 mil).

Houve demissões apenas na agricultura, 160 mil vagas a menos; comércio, menos 10 mil; e alojamento e alimentação, menos 130 mil.

No caso do comércio, que costumava ampliar o quadro de funcionários no fim do ano com contratações temporárias, a estagnação no número de trabalhadores ocupados pode ter relação com o aumento do consumo virtual, vendas via comércio eletrônico, que dispensa a necessidade de reforço na equipe de lojas físicas, cogitou Beringuy.

“Muitas vezes pode até ter expandido o comércio, mas esse avanço da ocupação pode estar se manifestando em outras atividades”, disse ela. “A atividade de transporte, armazenagem e correio teve crescimento (na ocupação) maior que o comércio, e dentro dessa atividade tem transporte de malote e mercadorias”, lembrou.

Mais renda em circulação na economia

Como houve expansão tanto no número de trabalhadores quanto no rendimento obtido por quem estava trabalhando, a massa de salários em circulação na economia aumentou em R$ 13,847 bilhões no período de um ano, para o nível recorde de R$ 300,164 bilhões, uma alta de 4,8% no trimestre encerrado em novembro de 2023 ante o trimestre terminado em novembro de 2022. Na comparação com o trimestre terminado em agosto, a massa de renda real subiu 3,2% no trimestre terminado em novembro, R$ 9,294 bilhões a mais.

O rendimento médio dos trabalhadores ocupados teve uma alta real de 2,3% na comparação com o trimestre até agosto, R$ 67 a mais, para R$ 3.034. Em relação ao trimestre encerrado em novembro de 2022, a renda média real de todos os trabalhadores ocupados subiu 3,8%, R$ 111 a mais.

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