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Um olhar brasileiro sobre os desafios de hoje no dia a dia Europa

Jornalista precisa trabalhar dois meses de graça para conseguir emprego em Florença, na Italia

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Por karlamendes
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A crise continua castigando duramente os jornalistas na Europa.  Estava em Florença sábado passado e presenciei uma cena deplorável. Minha conversa com um amigo dos Estados Unidos foi interrompida, subitamente, por uma jornalista desesperada que, ao reconhecer o sotaque americano, implorou a ele que lhe desse uma entrevista para a rádio italiana para a qual trabalhava pois ela precisava encontrar algum americano que estivesse na cidade e lhe contasse por que não estava votando na eleição presidencial.

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Depois que ele lhe deu as informações que ela precisava, me apresentei a ela como jornalista brasileira e começamos a conversar sobre a crise na Itália. Fiquei boquiaberta. A situação está pior do que eu pensava. Ela está trabalhando de graça há um mês e meio para a tal rádio, coisa que com o agravamento da crise, virou pré-requisito: trabalhar sem remuneração por dois meses antes de ser contratada. "Tenho que provar que sou realmente boa para que me contratem. E o salário é de 200 euros (pouco mais de R$ 500)", revelou. Fiquei estarrecida.

Lembrei-me de que, quando estive em Edimburgo, na Escócia, em agosto, conversei com um jornalista que também mora em Florença que me contou que trabalhava como DJ, pois era impossível viver como jornalista. Isso porque, depois da crise, estão pagando míseros 10 ou 20 euros por matéria, ou seja, cerca de R$ 50 no máximo. "Antes desse período nebuloso, pagavam o triplo", disse.

Florença estava cheia de turistas, mesmo fora da alta estação. Mas nem os setores que vivem do turismo, como o gastronômico, ficaram ilesos à depressão econômica que assola o continente. Ao conversar com um garçom albanês que trabalha há seis anos em Florença, ele me disse que se antes o restaurante contava com 10 garçons, hoje são só quatro. 

Ao ler os flyers de oferta de tour pela Toscana, também me chamou a atenção a "nova modalidade" de tours low cost (custo reduzido), opção que, por uns 10 euros a menos, exclui o serviço de buscar e levar o cliente ao hotel.

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