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Diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE)

Opinião|Brasil precisa aumentar a oferta de gás

Vamos repetir a política de sucesso americana na exploração do ‘shale’ ou deixar esse recurso valioso debaixo da terra?

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Após a crise hídrica de 2021, que expôs as limitações e a vulnerabilidade da matriz elétrica brasileira, e a crise energética mundial de 2022, em que o gás natural foi o protagonista, o gás vem ganhando espaço no planejamento e se tornando um dos principais eixos da política energética e industrial brasileira.

Diante disso, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, durante a primeira reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), realizada em 17 de março, anunciou o lançamento do Programa Gás para Empregar. Nas palavras do ministro, “é um programa que visa ao processo de reindustrialização nacional através do gás”.

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Os objetivos do programa são: (i) o aumento da oferta de gás natural da União ao mercado doméstico; (ii) o melhor aproveitamento e retorno, tanto social quanto econômico, da produção de gás natural, priorizando a redução dos volumes de reinjeção; (iii) a maior disponibilidade do hidrocarboneto para a produção nacional de fertilizantes hidrogenados, produtos petroquímicos e outros setores produtivos; e (iv) a incorporação do gás natural à estratégia nacional de transição energética.

O CNPE também destacou quatro medidas que poderão ser implementadas a fim de alcançar os objetivos elencados. Dentre as medidas, o maior destaque foi dado à implementação do reconhecimento como custo em óleo, pela Empresa Brasileira de Administração de Petróleo e Gás Natural S.A. – Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), do desenvolvimento de infraestrutura essencial.

Brasil tem meios para aumentar a oferta de gás natural Foto: Jorge Henrique / Estadão

O primeiro objetivo é o aumento da oferta nacional de gás, sem o qual os demais não serão atingidos. E como assegurar o aumento da produção de gás? Criando políticas que reduzam a reinjeção de gás, mantendo o programa de venda de campos onshore da Petrobras, explorando a Margem Equatorial e permitindo e incentivando a exploração de shale gas no Brasil, seguindo o que ocorreu nos Estados Unidos e na Argentina com o campo de Vaca Muerta. Hoje o Brasil já importa GNL, que é produzido em campos de shale e recentemente se aventou a hipótese de importar gás da Argentina. Por que não produzir internamente?

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Vale relembrar que mais de 90% de todo o aumento da produção de petróleo e gás (P&G) norte-americana desde 2005 até o presente foi oriunda da exploração de recursos não convencionais de P&G. Assim, a partir de 2016 e 2019, respectivamente, o país se tornou o maior produtor global de hidrocarbonetos, dobrando sua produção no período, e exportador líquido de petróleo e de gás natural. Essa indústria de shale (xisto) foi responsável por 40% (ou 1,2%) do crescimento anual médio da economia norte-americana entre 2005 e 2019, de 3,0% ao ano. Vamos repetir a política de sucesso americana na exploração do shale ou vamos deixar esse recurso valioso ficar para sempre debaixo da terra?

Opinião por Adriano Pires

Diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE)

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