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Agricultores relatam perdas de até 70% da produção após geada do fim de julho

Produtores de São Paulo e de Mato Grosso dizem que fenômenos climáticos, como muito sol e pouca chuva, vêm ditando ‘um ano muito difícil' para o setor

Foto do author José Maria Tomazela
Por José Maria Tomazela
Atualização:

Quando a geada cobriu de branco os campos de Capão Bonito, no interior de São Paulo, no dia 20 de julho deste ano, o agricultor Edson Sukessada tinha 275 hectares de trigo soltando cachos. A expectativa era de uma produção de 75 sacas por hectare. Na terça-feira, 10, 20 dias depois, ele contabilizava a perda total da produção em 200 hectares. 

“Houve dano na estrutura da planta, e os cachos estão morrendo. Não vai dar colheita”, disse. A perda é de 15 mil sacas, prejuízo superior a R$ 1 milhão.

Cafezal atingido pela segunda geada em menos de um mês, em julho,na região de Franca (SP):pés de café ficaram cobertos por camada de gelo. Foto: José Henrique Mendonça/Sindicato Rural de Franca

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A geada atingiu também os 600 hectares cultivados com milho safrinha pelo produtor na mesma região. “As áreas mais velhas, que já estavam bem formadas, tiveram quebra de 5%. Já as mais novas, que plantamos até o limite da janela (período ideal para o cultivo), em 20 de março, tiveram perdas maiores, que vão de 50% a 70%. Creio que, na média, vamos fechar a colheita do milho safrinha com perda de 30% ou mais”, disse Sukessada. 

Conforme o agrônomo Nélio Uemura, da Cooperativa Agrícola de Capão Bonito, a região tem um bom regime de chuvas e é menos sujeita à estiagem, mas sentiu bastante os efeitos das geadas deste ano. “Nossos cooperados cultivaram cerca de 6,5 mil hectares de trigo e 70% dessa área estão condenados e não haverá colheita.” 

Em Gaúcha do Norte, Mato Grosso, o agricultor Ari Baltazar Langer, produtor de grãos, sofreu prejuízo dobrado em razão das condições climáticas. Em fevereiro, quando colhia a soja cultivada em 3,4 mil hectares, a chuva incessante causou a perda do grão pronto para a colheita.

Do início ao fim da colheita, que durou 50 dias, choveu em 48 dias. Teve carga de soja com perda de 99% devido ao excesso de umidade. Ele esperava média de 55 sacas por hectare e colheu 35.

Langer contava com a safra do milho para se recuperar do prejuízo. Ele caprichou na escolha das sementes, usou toda a tecnologia disponível para o manejo das lavouras, porém, outra vez São Pedro não ajudou. Agora, foi a seca que atingiu os 950 hectares de milharal. 

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“Foram dias e dias de sol sem um pingo de água. A lavoura não desenvolveu”, disse. Ele esperava uma média de 80 sacas por hectare e só conseguiu 35. “Para o produtor rural, está sendo um ano muito difícil.”

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