O aplicativo YouTube Kids, que tem sido criticado por recomendar inadvertidamente vídeos desaconselhados para crianças, anunciou que vai lançar diversos recursos para os pais limitarem o que os filhos podem ver no serviço.
A partir desta semana, eles poderão selecionar "canais confiáveis" e tópicos que as crianças poderão acessar, como o "Sesame Workshop" ou "Aprendizado", que foram organizados e supervisionados pelo YouTube e seus parceiros. Em publicação em um blog, os responsáveis pelo aplicativo informaram que os pais também terão a possibilidade de restringir recomendações de vídeo e canais que foram "verificados" pelo YouTube Kids, evitando a enorme quantidade de conteúdo que o aplicativo extrai do seu site principal por meio de algoritmos e outros processos automatizados.
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No final deste ano, os pais terão a possibilidade de selecionar todos os vídeos e canais a que seus filhos poderão assistir no aplicativo, e poderão até limitar o acesso, por exemplo, a dez vídeos ou a um único canal.
As mudanças anunciadas oferecem "um pacote mais robusto de ferramentas para os pais personalizarem a experiência no YouTube Kids", disse James Beser, diretor de produto da plataforma. "Desde a escolha de canais de parceiros confiáveis até permitir aos pais selecionarem cada vídeo e canal por conta própria, vamos colocá-los no comando de uma maneira nunca vista antes", afirmou ele.
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O YouTube Kids foi lançado em 2015 para crianças em fase pré-escolar e recebe cerca de 11 milhões de visitantes por semana. Mas, os pais descobriram uma série de vídeos inadequados no aplicativo, enfatizando como a plataforma depende da automação, além da falta de supervisão humana. O New York Times já havia reportado no ano passado que as crianças que usavam o aplicativo podiam acessar vídeos com personagens populares, como Nick Jr. e Disney Junior em situações violentas e indecentes, entre outras, às vezes ligadas a canções para bebês.
Mais recentemente, o Business Insider informou que o aplicativo vinha sugerindo teorias de conspiração para crianças, incluindo afirmações de que o mundo é plano e a aterrissagem na lua foi simulada. O YouTube antes confiava principalmente nos pais para ser informado de vídeos prejudiciais, prática que foi criticada, já que, com frequência, as crianças são as únicas a acessar o conteúdo em tablets ou smartphones.
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O anúncio integra uma discussão mais abrangente sobre como o Google, maior vendedor de publicidade digital do mundo, utiliza a supervisão humana do enorme volume de conteúdo no YouTube. Recentemente a rede CNN encontrou centenas de anunciantes, incluindo o The Times, em canais do YouTube inapropriados que promoviam teorias de conspiração, nacionalismo branco e pedofilia. Os responsáveis pelo YouTube disseram que utilizarão mais supervisores humanos./ Tradução de Terezinha Martinho