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Campos Neto procura senadores para apoiar indicação de Galípolo à presidência do BC; leia bastidor

Atual diretor de Política Monetária da instituição foi indicado por Lula para o cargo em 28 de agosto e terá de passar novamente por sabatina no Senado em 8 de outubro

Foto do author Célia Froufe
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, entrou em contato com senadores mais próximos para avalizar a candidatura à sua sucessão do diretor de Política Monetária da instituição, Gabriel Galípolo, conforme apurou o Estadão/Broadcast com três pessoas a par do assunto.

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Criticado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o banqueiro central defendia a indicação de seu substituto o quanto antes para que houvesse tempo de realizar uma transição coordenada. Ele disse várias vezes que gostaria de atuar da mesma forma com que foi recebido pelo seu antecessor, Ilan Goldfajn, que atualmente comanda o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Pela iniciativa, Campos Neto tem sido apontado como “generoso”, “parceiro” e uma pessoa cujo apoio ao sucessor é “fundamental” para a instituição, mesmo após as críticas de Lula e do PT ao seu trabalho. No fim do mês passado, o presidente do BC disse justamente que a passagem de bastão é importante devido ao processo de autonomia da autarquia e sobre a continuação do trabalho técnico que tem sido feito.

Campos Neto e Galípolo participam de ato de servidores em frente ao BC; atual presidente da instituição tem procurado senadores em apoio ao nome de seu sucessor Foto: Wilton Junior/Estadão

Ao procurar proativamente “muitos” parlamentares ligados à oposição e ao governo de Jair Bolsonaro, que o indicou, o atual presidente do BC “limpa o terreno” para Galípolo, que retomou nesta semana as visitas de apresentação no Senado.

Alguns desses congressistas estão fora da base do governo, como Luís Carlos Heinze (PP-RS) e Damares Alves (Republicanos-DF), que foi ministra do ex-presidente Jair Bolsonaro. A intermediação de Campos Neto é vista como fundamental neste momento de conflagração entre o Legislativo e o Executivo.

Campos Neto é oriundo de um governo cuja maior parte dos ministros não compareceu à cerimônia de transmissão de cargo a sucessores, a exemplo do próprio presidente da República. Ele deixa o comando da instituição no fim do ano. Se aprovado, Galípolo inicia um mandato de quatro anos à frente do BC em janeiro de 2025.

Galípolo foi oficialmente indicado por Lula para o cargo em 28 de agosto e terá de passar novamente por sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, marcada para 8 de outubro. Como ocorre em toda indicação para uma diretoria ou mesmo presidência do BC, o postulante ao cargo costuma percorrer gabinetes dos parlamentares a fim de apresentar seu currículo e suas ideias.

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Até quinta-feira, 12, o “beija-mão” do atual diretor já incluiu reuniões com ao menos 40 parlamentares, praticamente metade do total. A retomada das visitas ocorreu justamente no primeiro dia do período de silêncio da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que começa na próxima terça-feira, 17. Há o compromisso por parte da cúpula do BC de, nesse período que se estende até a terça-feira seguinte ao encontro que define a Selic, seus integrantes não tratarem de assuntos ligados à política monetária.

O Estadão/Broadcast apurou que, mesmo fora desse intervalo, Galípolo pouco tem falado sobre sua opinião em relação à decisão sobre juros. Até porque o colegiado tem alegado que está dependente dos dados econômicos para definir a taxa e toda a informação conhecida até lá será fundamental para o veredicto. De qualquer forma, senadores têm comentado mais sobre seus meses na instituição, sem criar embates diretos com Campos Neto, do que feito questionamentos sobre o rumo da Selic. No mercado, a expectativa é a de que o Copom eleve a Selic na quarta-feira, 18, para 10,75% ao ano.

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