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Direito do consumidor

Opinião|Fusões e aquisições podem prejudicar o consumidor

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Foto do author Cláudio Considera
Atualização:

Há um cenário otimista para as fusões e aquisições no mercado brasileiro este ano. Para os negócios, uma boa notícia, pois indica que o cenário econômico é visto como menos volátil e mais seguro, inclusive em função da redução da Selic, taxa básica de juros da economia. Mas e para os consumidores? Geralmente, não, pois com mais concentração de mercado, as grandes companhias têm mais facilidade para impor preços, e há menos opções de produtos e serviços.

Plano de saúde: objeto de desejo Crédito: Free Images  

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A concorrência entre várias empresas que produzam produtos semelhantes é bem melhor do que se todos os itens tiverem a mesma marca e fabricante. Isso também vale para o comércio.

O Brasil tem várias áreas oligopolizadas: bancária; de bebidas; de aviação civil; de telecomunicações; de combustíveis; de carne bovina, suína e de frango; de locação de veículos, dentre outras. Segundo estudo da CB Insights, 11 empresas têm marcas que respondem pela maioria dos produtos à venda nos supermercados.Mesmo para quem não entenda tanto de economia, é óbvio que essa concentração aumenta o poder destas corporações no mercado. Elas determinam preços e até padrões de consumo das famílias. Então, ao fazer as compras da semana, temos a impressão de que 'escolhemos' livremente os itens do carrinho do supermercado, mas não foi bem assim.

As fusões e aquisições (cuja sigla, em inglês, é M&A) são uma tendência fortíssima, especialmente em áreas como a saúde. Atualmente, há uma constante redução do número de operadoras de planos de saúde, e concentração empresarial em segmentos como hospitais e medicina diagnóstica.

 

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Por que há tantas fusões e aquisições? Com esses movimentos, os grupos empresariais objetivam não somente ter maior participação (e domínio) nos negócios, mas também se beneficiam de seu poder de compra de insumos. Têm, além disso, maior controle dos custos e da qualidade em seus processos.

É evidente que sempre surgem novas empresas, muitas delas pequenas, tentando atuar nas franjas do mercado. Optar sempre pelas mesmas marcas, dominantes no mercado, não é uma boa prática para os consumidores. Dê chance a novos produtos, para não ficar tão dependente de poucos e poderosos grupos.

Além disso, contamos com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) que examina e evita fusões prejudiciais à concorrência.

Opinião por Cláudio Considera

É ex-presidente do conselho da Proteste Associação de Consumidores e professor de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF). Foi titular da Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE), chefe de Contas Nacionais do IBGE e diretor de Pesquisa do Ipea.

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