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Bastidores do mundo dos negócios

Fusões e aquisições engatam no começo do ano e devem superar R$ 250 bi

Transações entre Sequoia e Move3 e entre Bemobi e a startup Nomo indicam aquecimento

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Foto do author Altamiro Silva Junior
Foto do author Cynthia Decloedt
Por Altamiro Silva Junior (Broadcast) e Cynthia Decloedt (Broadcast)
Nesta semana foi oficializado o negócio entre Bemobi e a startup Nomo, na área de telecomunicações. Foto: Estadão

A queda do juro esperada nos Estados Unidos e a continuidade do ciclo de cortes no Brasil apresentam uma boa perspectiva para os negócios de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) neste ano. O mercado já deu sinais de maior aquecimento nos primeiros dias de 2024, com o anúncio da transação entre Sequoia e Move3, criando uma gigante de logística. No mesmo dia, também foi oficializado o negócio entre Bemobi e a startup Nomo, na área de telecomunicações.

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Tratam-se de indicações firmes de que operações represadas já voltam a ser trabalhadas, na expectativa de que o custo do capital diminua e ajude a criar negociações de preço mais equilibradas. “Nossos processos voltaram a andar e com o cenário de juro menores, a tendência é de aumento nas transações de M&A em 2024″, disse o diretor do Bradesco BBI, banco de investimento do Bradesco, Felipe Thut.

Os números de operações em 2023 ficaram abaixo dos dois anos anteriores, limitados pela volatilidade da bolsa e forte queda no valor das empresas. Nas contas do Bradesco BBI, o volume deve fechar o ano em torno de R$ 250 bilhões. Para 2024, a estimativa é que as transações voltem a níveis de 2019 (R$ 450 bilhões) e 2022 (R$ 300 bilhões). “O retorno é gradual”, diz Thut.

O chefe do banco de investimento do Citi Brasil, Eduardo Miras, acrescenta: “o pipeline (fila de empresas se preparando para transações) está interessante”. Ele lembra que 2023 começou com um grande número de empresas dispostas a emplacar transações, mas morreu à medida que as incertezas aumentaram. “Nos últimos dois meses, entretanto, construímos um bom pipe, com transações que voltaram e outras novas que surgiram.”

O pano de fundo dessa retomada que começa a se desenhar está não só no início do ciclo de corte de juro, mas num cenário de menor turbulência no campo político brasileiro e de mais visibilidade macroeconômica. No exterior, as incertezas sobre os desdobramentos de conflitos geopolíticos estão mais controlados, diz Thut.

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Segundo o diretor do Itaú BBA, Roderick Greenlees, houve queda tanto em volume de transações quanto em número de negócios em 2023. Ele cita uma retração de 40% no primeiro e de 25% a 30% no segundo.

O executivo do Itaú BBA ressalta que o quarto trimestre já se mostrou mais aquecido e tem uma fila de negócios importantes no radar. E com a melhora esperada no mercado de capitais em 2024, com volta das aberturas de capital (IPO, em inglês) e mais ofertas de ações de empresas já listadas, o ambiente fica mais favorável também para as fusões, completa Greenlees.

Além dos negócios registrados nos primeiros dias do ano, estão no radar também uma nova proposta de fusão da empresa de energia Eneva pela Vibra e a venda da Braskem, um negócio de mais de R$ 10 bilhões. Há ainda a expectativa de que empresas com problemas, como a Americanas e Unigel, também vendam ativos.

Para 2024, a percepção é de que os cortes no juro devem aproximar vendedores e compradores. “Custo de capital baixando, menor volatilidade e expectativa mais balizada no macroeconômico são condições aceleradoras dos M&A”, afirma o corresponsável do banco de investimento do Goldman Sachs do Brasil, Ricardo Bellissi.

Existem alguns setores que estão atraindo negócios com maior intensidade, como o de transição energética, energia renovável e commodities. Também, a indústria financeira, incluindo fintechs, que vive um processo de consolidação, é alvo de transações de M&A, diz Bellissi, do Goldman Sachs.

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