Após um hiato de oito anos, a Prefeitura de São Paulo voltará a fazer um leilão de Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs) dentro da Operação Urbana Água Branca, que abrange bairros como Lapa, Barra Funda e Perdizes, na zona Oeste da cidade, ajudando a expandir os investimentos imobiliários na região. O pedido para realização do certame foi encaminhado para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no fim de agosto e prevê a oferta total de 700 mil títulos, podendo movimentar R$ 650 milhões.
A realização do leilão ainda não tem data definida, mas é possível que aconteça ainda neste ano. Por ora, é preciso aguardar a autorização da CVM, o que deve sair em até 30 dias. Depois, a Prefeitura terá dois anos para ofertar os títulos de uma vez ou fracionados em um ou mais leilões nesse período. A emissão prevê a distribuição total de 600 mil Cepacs para empreendimentos residenciais, ao preço de R$ 900 por unidade (totalizando R$ 540 milhões) e 100 mil não residenciais por R$ 1,1 mil cada (total de R$ 110 milhões).
Os Cepacs são títulos que permitem às incorporadoras erguerem prédios acima dos limites originais de cada bairro. Ou seja: eles viabilizam que um térreo receba torres mais altas, com mais apartamentos. A maior empreendedora da região é a Tecnisa, dona do “minibairro” Jardim das Perdizes, com dezenas de prédios aguardando lançamento. Já os recursos arrecadados pelos cofres públicos vão para obras de infraestrutura e mobilidade na área.
Último leilão ocorreu em 2015 e teve só 10% dos títulos vendidos
Como o último leilão da Operação Urbana Água Branca ocorreu em 2015, há uma demanda reprimida das incorporadoras com projetos parados à espera de liberação do potencial construtivo maior. Além disso, só 10% da oferta foi comercializada porque os preços foram considerados muito altos pelas empresas e investidores.
Na ocasião, foram ofertados 50 mil títulos residenciais, por R$ 1,5 mil cada, e 8 mil títulos não residenciais, por R$ 1,7 mil cada. Em 2021, o prefeito Ricardo Nunes sancionou a Lei 17.561 levando os preços do Cepac ao patamar original - cerca de 40% menores em termos nominais, sem contar a inflação - com a justificativa de garantir a viabilidade dos negócios.
Na visão do consultor de investimentos imobiliários Sérgio Belleza, que atua na compra e venda desses títulos, os preços soam mais plausíveis e devem encontrar uma boa demanda no mercado. “Os valores do último leilão estavam muito altos e não tiveram saída. Acredito que agora haverá apetite. Os preços voltaram ao normal, existe demanda grande da indústria, e o mercado imobiliário está melhorando”, afirmou.
Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 11/09/23, às 17h57.
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