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Bastidores do mundo dos negócios

Sem IPO, Vero busca sócio para ajudar a financiar expansão em banda larga

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Por Circe Bonatelli (Broadcast)
Atualização:
Loja da Vero em Pato Branco (PR); empresa é a nona maior provedora do País  Foto: Vero

A provedora de internet Vero, controlada pela gestora de private equity Vinci Partners, está avaliando alternativas de captação de recursos para sustentar o plano de crescimento após desistir da oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) em janeiro. As opções vão desde tomada de dívida até a atração de um sócio. O Itaú BBA foi o coordenador-líder na tentativa do IPO e permanece com mandato para explorar alternativas.

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"Estamos sempre abertos a novas possibilidades, quem sabe nova capitalização vindo de um novo sócio ou dos atuais, até a emissões de dívidas", disse o presidente da Vero, Fabiano Ferreira, em entrevista exclusiva ao Broadcast. No caso de atrair um sócio, a preferência seria por um minoritário. Há, porém, espaço para se negociar o tamanho da fatia na empresa e do cheque. Ferreira acredita que a Vero deva ser avaliada por um múltiplo de 12 vezes o seu Ebitda ajustado anualizado, o que daria cerca de R$ 3,6 bilhões a R$ 4,0 bilhões.

O mercado de banda larga tem um nível de competição cada vez mais acirrado, e a Vero busca continuar crescendo via expansão das redes próprias, bem como via aquisições de concorrentes. A empresa prevê entrar em 20 cidades em 2022, assim como aconteceu em 2021, segundo Ferreira.

Além disso, a provedora já fez 16 aquisições desde sua fundação e está prestes a fechar a 17ª nos próximos dias, antecipou o executivo. Se confirmado, o negócio vai adicionar mais 30 mil assinantes à sua base. A companhia fez uma emissão de debêntures de R$ 350 milhões em novembro que ajudará a financiar o plano de investimentos até o fim do ano, mas há apetite para acelerar.

Empresa já é a nona maior provedora de internet do País

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Em um mercado com milhares de provedores regionais, a Vero alcançou a nona colocação em número de clientes, atrás apenas de Claro, Vivo, Oi, Alloha (holding dona de várias empresas), Brisanet, Algar, TIM e Desktop, de acordo com dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

A companhia fechou o primeiro trimestre de 2022 com 647,5 mil assinantes, 61,6% mais na comparação com o primeiro trimestre de 2021. A empresa teve adições líquidas (sem contar aquisições) de 35,4 mil clientes nos primeiros três meses deste ano, ou uma média de 11,8 mil novos clientes por mês. Isso corresponde ao dobro do ritmo de crescimento em relação ao mesmo período do ano anterior. A perda de clientes (churn) foi de 1,5%.

A Vero concluiu, em janeiro, a compra da Giganet, provedor com atuação em seis cidades da região do Vale do Aço (MG) e 46 mil assinantes de banda larga por fibra óptica. A Vero também lançou pacotes de internet em mais três cidades neste ano: Uruguaiana (RS), Santa Bárbara (MG) e Barroso (MG).

Companhia atua em 183 cidades em quatro Estados

Com isso, sua atuação chegou a 183 cidades espalhadas por Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. A cobertura da rede alcançou 2,3 milhões de casas passadas com fibra (homes passed, no jargão de mercado), enquanto o tamanho da rede de fibra totalizou 25,3 mil quilômetros.

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Ferreira ponderou que a Vero está evitando entrar na disputa por preço. Seu plano mais barato está saindo por R$ 100, contra R$ 85 da concorrência. A diferenciação, segundo o executivo, está nos serviços agregados aos pacotes, como streaming de vídeo (HBO Max, Globoplay e Telecine) e canais de TV paga (CNN Brasil e ESPN, entre outros). Em termos de velocidade, os novos planos estão em 320 Mb, e a média do portfólio, 230 Mb.

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"A competição está mais racional de uns seis meses pra cá. Todo mundo começou a sentir efeitos da redução de preço e não se mexeu mais", afirmou. "Não estamos competindo por preço e velocidade. Competimos em diferenciação de serviço entregue ao cliente. Não navegamos em um mar azul, mas é um mar mais limpo", acrescentou o executio.

A estratégia tem dado resultado, na sua avaliação. Isso porque a participação de mercado chegou a 35,7% nas cidades consideradas maduras (aquelas onde já está presente há pelo menos três anos), contra 33,6% um ano antes.

O presidente da Vero tem percebido também maior fidelidade dos clientes. O churn consolidado é de 1,5%, sendo metade disso por inadimplência e metade por opção do próprio usuário em mudar de operadora. "Trabalhamos para rentabilizar e fidelizar a nossa base".

Base de assinantes cresceu no primeiro trimestre

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A Vero teve lucro líquido de R$ 4,9 milhões no primeiro trimestre de 2022, montante 67,6% inferior ao registrado no mesmo período de 2021. A empresa ampliou a base de assinantes e a receita no período, mas viu o lucro encolher devido ao aumento das despesas com juros e com a linha de depreciação e amortização de ativos.

O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) chegou a R$ 64,4 milhões, expansão de 78% na mesma base de comparação anual. A margem Ebitda subiu 2,1 pontos porcentuais, para 41,7%.

Já o Ebitda ajustado atingiu R$ 76,6 milhões, avanço de 66,6%. A margem Ebitda ajustada recuou 0,7 p.p, para 49,6%. O indicador no critério 'ajustado' exclui os gastos de R$ 10,6 milhões com aquisições e integração de empresas (não recorrentes) e R$ 1,5 milhão com plano de opções.

A receita líquida totalizou R$ 154,5 milhões, crescimento de 69%, explicado tanto pelas aquisições de provedores quanto pelo crescimento da base de clientes por conta própria.

O resultado financeiro líquido (saldo entre receitas e despesas financeiras) gerou uma despesa de R$ 27,2 milhões, montante 5,6 vezes maior na mesma base de comparação anual, impactado pelo crescimento da dívida bruta e do aumento das taxas de juros no País. A linha de depreciação e amortização foi de R$ 29,2 milhões, aumento de 67,7%.

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A dívida líquida da Vero no fim do primeiro trimestre chegou a R$ 767,8 milhões, crescimento de 32,7%. A provedora tinha em caixa R$ 266,7 milhões, recuo de 29,3%.

 

Este texto foi publicado no Broadcast no dia 16/05/22, às 18h08

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