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Frigol espera produção 22% maior de carne bovina no ano mas receita deve cair

Caso atípico de doença da vaca louca em território brasileiro, que levou à suspensão de exportações à China, prejudicou o desempenho da empresa

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Por Coluna Broadcast Agro
Atualização:

A Frigol, quarto maior frigorífico do Brasil, deve fechar 2023 com produção de carne bovina 22% maior, mas o faturamento deve cair cerca de 10%, projeta Eduardo Miron, o CEO. O resultado excepcional em 2022, quando a receita líquida atingiu R$ 3,6 bilhões, dificilmente se repetiria neste ano, de preços mais baixos pagos pela proteína. Além disso, a suspensão temporária das exportações brasileiras à China este ano, após um caso atípico do mal da vaca louca no Pará, afetou o desempenho da empresa. A Frigol fechou o primeiro trimestre com prejuízo, e, no segundo, com lucro menor ante igual período de 2022. Com os preparativos para o ano-novo chinês em fevereiro, espera-se uma retomada dos embarques para lá.

Gestão para impulsionar exportações

A Frigol abriu em agosto um escritório na capital de SP para ficar próxima do mercado financeiro e foca na gestão profissional para crescer. O cenário é positivo para 2024, com possibilidade de produzir 25% mais carne; custos do boi em baixa e firmeza da demanda chinesa.

Maior valor agregado e novas captações

Essencialmente no Estado de São Paulo, a Frigol quer ampliar a fatia da receita de produtos de maior valor agregado, que hoje representa 20%, por meio de açougues remodelados em supermercados. E há planos, para 2024, de elevar a parcela da dívida de longo prazo, de 40% para 60%. Emissão de títulos verdes está no radar.

Só o começo

O anúncio da Cargill na semana passada, de que está entrando no mercado brasileiro de adoçantes naturais, é parte da estratégia de aumentar o peso de itens de maior valor agregado na divisão de Food Solutions (alimentos e ingredientes industriais). Hoje, eles representam 10% da receita da divisão, mas a meta é obter 30% a 35% até 2030, conta Laerte Morais, diretor-geral de Food Solutions na América do Sul. A empresa venderá adoçantes à base de estévia de três marcas.

Multinacional Cargil entrará no ramo de adoçantes naturais Foto: REUTERS/Denis Balibouse

Bem protegido

A sofisticação tecnológica das máquinas agrícolas e o aumento dos preços desses bens – por custos de produção e novas tecnologias – têm estimulado produtores a contratar seguros para os equipamentos, conta Ney Dias, diretor presidente da Bradesco Seguros. No primeiro semestre de 2023, a seguradora emitiu 28 mil apólices do tipo, mais da metade das 51 mil contratadas em 2022. A expectativa é fechar o ano com prêmios (valor pago na contratação do seguro) de R$ 270 milhões, 24% acima do ano passado. Em número de apólices, o crescimento deve ser próximo de 5%.

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Testando

Assim como no seguro de automóveis as seguradoras contam com uma rede de oficinas referenciadas para consertos e serviços, a Bradesco Seguros está testando modelo similar para equipamentos agrícolas. Tem cerca de 40 concessionárias parceiras e pretende aumentar esse número, segundo Dias. “Estamos em fase de testes para avaliar o que é possível viabilizar. No caso da máquina agrícola, é preciso considerar o custo de transportar o equipamento, que varia de uma região para outra”, explica.

Cautela

Após um ano aquecido em fusões e aquisições (M&As) no mercado de insumos agrícolas, com 26 transações no Brasil em 2022 movimentando R$ 16,3 bilhões, a consultoria Alvarez & Marsal vê baixa movimentação em 2023. “O custo de capital aumentou, os preços dos insumos diminuíram e vimos restrições nas atividades. É momento de limpar o caixa e reestruturar a casa”, avalia Gian Di Gregorio, diretor sênior da A&M. Já para o próximo ano, o cenário deve ser mais “promissor” para as M&As, com a perspectiva de queda nos juros e menor pressão inflacionária, diz Gregorio. Os movimentos na distribuição partem sobretudo dos fundos de private equity e na produção das próprias empresas de insumos.

Queridinhos

Dentre os insumos, os biológicos são um dos mercados com maior potencial de consolidação, aponta a A&M. O alto apetite pelo segmento vem da maior adoção dos bioinsumos pelos produtores, do elevado custo (e demorado) desenvolvimento de novas tecnologias e do crescimento de dois dígitos do segmento. “O mercado de insumos hoje movimenta de R$ 90 bilhões a R$ 100 bilhões por ano no Brasil, sendo de 7% a 10% vindo de biológicos, que crescem de 25% a 30% por ano. Nos próximos cinco anos, boa parte do crescimento virá das indústrias que já estão no mercado”, prevê Gregorio.

Ministério avalia ajustar calendário de plantio da soja

O fenômeno climático El Niño, já em curso, que intensifica as chuvas, levou produtores a pedirem ao Ministério da Agricultura que estenda o calendário de plantio de soja da safra 2023/24 nos Estados do Sul. As opções estudadas são a autorização excepcional para semeadura fora do calendário, alteração da janela ou a regionalização das datas.

Impactos do UE/Mercosul na pauta do agronegócio

O agro brasileiro busca entender o caminho do acordo entre Mercosul e União Europeia e seus impactos no setor. Na quarta-feira (13), a Associação Brasileira do Agronegócio se reúne com o Grupo de Países Produtores do Sul para debater o acordo, em meio à expectativa da contraproposta do Mercosul à UE./Clarice Couto e Isadora Duarte

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