Conselheiros da Petrobrás questionam impacto da redução de preços da gasolina

Redução abalaria estratégia da companhia para reconquistar credibilidade, avaliam conselheiros; diretoria diz que há margem para diminuição de preços

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Gasolina. Eventual redução de preços Foto: Tiago Queiroz/Estadão

RIO - A discussão sobre uma eventual redução nos preços de diesel e gasolina pela diretoria da Petrobrás provocou mal estar entre integrantes do conselho de administração. A avaliação de alguns conselheiros ouvidos pelo Broadcast é que o colegiado tem posição "afinada com o mercado" e a redução de preços abalaria a estratégia da companhia para reconquistar credibilidade. A decisão cabe à diretoria, mas alguns integrantes do Conselho criticaram não ter participado das discussões sobre o tema. Ontem, alguns integrantes trocaram mensagens questionando a decisão pela redução de preços, veiculada na imprensa. "A Petrobrás, em função de seu caixa, tem que maximizar o retorno com seus produtos. Esta é a filosofia e recomendação do conselho. Maximizar sem expor a companhia à competição que pode ser desvantajosa", ponderou um conselheiro. Segundo o conselheiro, a tomada de decisão "operacional" não pode depender do conselho, pois demanda agilidade. Ainda assim, o conselho deveria ter sido consultado para avaliar se a redução de preços condiz com a estratégia de longo prazo da companhia, de recuperação de credibilidade junto ao mercado. A avaliação da diretoria, entretanto, é que há margem para redução de preços neste ano em função da desvalorização do dólar e da queda nas vendas de combustíveis nos primeiros meses do ano. Em janeiro e fevereiro, as vendas caíram 11%, ante uma base já reprimida em 9% em 2015. O tema também não passou pelo colegiado da BR Distribuidora, responsável pela venda dos combustíveis. No balanço de 2015 da estatal, a BR Distribuidora registrou prejuízo de R$ 1,2 bilhão ante lucro de R$ 2,1 bilhão em 2014. A queda foi explicada como consequência da redução das vendas. Como a estatal revende combustíveis a preços mais altos que no mercado externo, desde o final de 2014, outras distribuidoras passaram a ampliar importações e revender a preços mais competitivos no mercado doméstico. Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP) indicam que a BR Distribuidora tem perdido participação no mercado. De dezembro de 2014 a igual mês do ano passado, a participação da BR no mercado de venda de gasolina, caiu de 28,5% para 27,7% no último ano. Já no segmento de óleo diesel, foi de 38,52% para 37,23%, segundo a ANP.

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