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Dólar fecha próximo de R$ 5 após sinalização do Copom

Comitê de Política Monetária indicou que Selic pode permanecer num patamar elevado por mais tempo diante da incerteza fiscal

Foto do author Luiz Guilherme  Gerbelli
Atualização:

Pela primeira vez desde junho do ano passado, o dólar voltou a cair abaixo do patamar de R$ 5 nesta quinta-feira, 2, influenciado pela sinalização do Comitê de Política Monetária (Copom) de que a taxa básica de juros (Selic) pode permanecer num patamar elevado por mais tempo. Na mínima do dia, a moeda norte-americana chegou a valer R$ 4,94.

Ao longo da sessão, no entanto, a queda do dólar perdeu força. A moeda norte-americana fechou cotada a R$ 5,0454, em queda de 0,30%. A última vez que o dólar caiu abaixo do patamar de R$ 5 foi em 10 de junho de 2022.

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Na quarta-feira, 1, o Copom manteve a taxa básica de juros em 13,75% ao ano pela quarta vez seguida. A Selic está no maior nível desde janeiro de 2017. Na primeira decisão do governo Luiz Inácio Lula da Silva, o comitê destacou que a incerteza fiscal traz um custo maior para que a inflação caia. “A conjuntura, particularmente incerta no âmbito fiscal e com expectativas de inflação se distanciando da meta em horizontes mais longos, demanda maior atenção na condução da política monetária”, afirmou o colegiado.

No cenário internacional, também na quarta, o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, elevou a taxa de juros em 25 pontos-base, para a faixa entre 4,50% e 4,75% ao ano. O presidente do Fed, Jerome Powell, reforçou que a tarefa de reduzir a inflação dos EUA ainda não está completa, mas apontou que os sinais de desinflação ainda começam a surgir.

Nesta quinta, o mercado ampliou apostas por um relaxamento monetário de ao menos 25 pontos-base até a reunião de dezembro, para a faixa entre 4,25% e 4,50%, de acordo com monitoramento do CME Group.

A manutenção da Selic em nível elevado e um arrefecimento do aperto monetário do Fed favorecem o chamado “carry trade”, contratação de empréstimo em país de juro baixo e aplicação desses recursos em lugares mais rentáveis, como o Brasil.

“Desde o final do passado, o dólar vem perdendo força no mundo, com a perspectiva de que o Fed se aproxima do fim do ciclo (de alta dos juros) e que a economia norte-americana mostra sinais de desaceleração, assim como inflação já caminha para patamares menores”, afirma Silvio Campos Neto, economista da consultoria Tendências.

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Jerome Powell, do BC americano, concede entrevista na quarta, 1, após o anúncio da mudança nos juros Foto: Kevin Dietsch/Getty Images/AFP

Há um fator adicional na cena externa que contribui para a valorização do real e tem a ver com a reabertura da economia chinesa - o país abandonou a política de Covid zero. Uma retomada mais forte da China pode beneficiar as moedas de países exportadores de comodities, como é o caso do Brasil.

Nesta semana, o Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da China deste ano de 4,4% para 5,2%

Apetite por risco

Para Leonel Mattos, analista de inteligência de mercado da Stonex, há um apetite maior por mercados mais arriscados, como o Brasil, tanto de investidor local como de estrangeiros, após decisão suave do Fed e a comunicação mais rígida do Copom brasileiro.

“Os mercados ficaram satisfeitos que o Copom sinalizou intenção de postergar cortes de juros para assegurar o processo de desinflação no Brasil. Copom respondeu à demanda do mercado de maior rigidez”, avalia Mattos. “Esse cenário favorece entrada de capitais e, por isso, o mercado se antecipa e desmonta parte de suas posições cambiais defensivas.

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