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Bolsa sobe 2% com expectativa de redução do prazo da PEC da Transição para um ano

Com o otimismo, dólar recuou a R$ 5,20, menor cotação em 20 dias

Por Antonio Perez
Atualização:

O acordo para diminuir de dois para um ano o prazo da PEC da Transição levou o Ibovespa a fechar em alta de 2,03% nesta terça-feira, 20, aos 106.864,11 pontos, maior nível desde 9 de dezembro. O dólar recuou a R$ 5,2066, queda de 1,93%, menor cotação em 20 dias.

Depois de muito vaivém, deputados chegaram a um consenso sobre o encolhimento do prazo da PEC bem como de distribuição de recursos antes destinados ao orçamento secreto. A expectativa é a de que a votação ocorra ainda nesta terça-feira na Câmara. Há pressa porque, dadas as mudanças, o texto terá de voltar ao Senado para um novo aval, que já está sendo construído. O Congresso ainda quer votar o Orçamento de 2023 antes de entrar em recesso, na quinta-feira.

B3, a Bolsa de Valores de São Paulo Foto: Werther Santana/Estadão

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O novo desenho da PEC agradou aos investidores, tanto por diminuir a expansão fiscal inicialmente prevista quanto por mostrar que há setores do Parlamento dispostos a colocar freios ao ímpeto gastador da próxima gestão.

“O mercado está tentando antecipar muito o que pode ser o novo governo do PT. Uma notícia boa como uma PEC de prazo menor traz um alívio pontual e faz o mercado tirar um pouco do prêmio de risco”, afirma o CIO da Alphatree Capital Capital, Rodrigo Jolig, ressaltando que o quadro ainda é de incerteza sobre a política fiscal “O perfil do governo e do Congresso é de gastar mais e ainda é preciso discutir a nova regra da política fiscal. Não dá para ficar animado porque cada dia é uma notícia nova e ainda tem muita água para rolar embaixo da ponte”.

Todo o otimismo local encontrou algum respaldo em Nova York, onde as Bolsas tentaram uma recuperação das perdas recentes, ainda que de forma tímida. Também no exterior, a decisão do Banco do Japão (BoJ) de alterar alguns parâmetros de sua política monetária foi lida como uma possibilidade de até mesmo o BC japonês abandonar a política ultra-acomodatícia. Assim, juros de títulos soberanos subiram.

“Das moedas emergentes, o real é a que mais se valorizou contra o dólar. Esse movimento foi ditado pelo acordo para redução do prazo da PEC da Transição”, afirma o chefe da mesa de operações do C6 Bank, Felipe Novaes. “Outro fator que vem ajudando na melhora no preço dos ativos locais é uma sinalização de maior compromisso fiscal por parte do futuro ministro da Fazenda.”

Lá fora, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - operou em queda firme e chegou a romper o piso de 104,000 pontos. A divisa americana amargou um tombo de quase 4% na comparação com o iene.

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Para Jolig, da Alphatree Capital embora contribua para minar a força global do dólar no curto prazo e, por tabela, ajude o real, a decisão do BoJ é negativa para os ativos de risco e pode respingar no mercado doméstico em algum momento. “É mais um banco central desenvolvido que começa a sinalizar o fim de política monetária frouxa. Se colocar o Brasil como ‘risco’, não é algo positivo”, afirma.

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