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Ibovespa volta a subir após 3 dias de perdas e encerra mês com alta de 3,37%; dólar fecha a R$ 5,07

Índice encerra sequência de perdas e termina mês com ganho, após perdas em novembro e dezembro; dólar recua ante boa parte dos rivais na véspera de decisão do Fed

Foto do author Renata Pedini
Por Luis Eduardo Leal , Renata Pedini (Broadcast), Antonio Perez e Laís Adriana

O Ibovespa quebrou nesta terça-feira, 31, sequência de três perdas e retomou a linha dos 113 mil pontos, após ter chegado na semana passada aos 114 mil, então nos melhores níveis desde novembro passado. Ao fim, em sessão positiva também para as três referências de Nova York, o índice da B3 avançou 1,03%, aos 113.430,54 pontos, entre mínima de 112.144,78 e máxima de 113.691,16 (+1,26%), saindo de abertura aos 112.273,01 pontos. Ainda moderado, o giro desta terça-feira ficou em R$ 25,4 bilhões. Em janeiro, o Ibovespa conseguiu acumular ganho de 3,37%, o primeiro desde outubro, vindo de perdas de 2,45% em dezembro e de 3,06% em novembro.

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Já o dólar à vista encerrou a sessão desta terça cotado a R$ 5,0767, em queda de 0,75%. Após um início de pregão em alta, a moeda americana se firmou em baixa no fim da manhã, movimento que ocorreu em sintonia com a perda de fôlego do dólar no exterior. Durante a manhã, a moeda americana chegou a atingir R$ 5,14 em meio à disputa técnica pela formação da última taxa Ptax de janeiro e passou a tarde oscilando ao redor de R$ 5,08.

Dados da economia americana divulgados hoje reforçaram a aposta de que o Federal Reserve vai reduzir o ritmo de aperto e anunciar amanhã uma alta de 25 pontos-base na taxa básica de juros, para a faixa entre 4,50% e 4,75%. E já há quem veja possibilidade de o BC americano encerrar o ciclo de alta dos juros em março, dado o arrefecimento da inflação e da atividade nos EUA.

Dados da economia americana divulgados nesta terça reforçaram a aposta de que o Fed vai reduzir o ritmo de aperto e anunciar amanhã uma alta de 25 pontos-base na taxa básica de juros Foto: Al Drago/Bloomberg

No mundo, o dólar recuou ante boa parte dos rivais nesta terça, com investidores em compasso de espera pela decisão monetária. No fim da tarde em Nova York, o dólar recuava a 130,21 ienes, o euro avançava a US$ 1,0869 e a libra tinha baixa a US$ 1,2320.

Bolsa fecha o mês com melhora razoável

Em dólar, a referência da B3 fechou o mês aos 22.343,36 pontos, após ter encerrado o ano passado aos 20.783,06. Em forte retração nas duas primeiras sessões de 2023, o índice chegou a tocar os 19.105,61 pontos na moeda americana, com o dólar à vista atingindo no encerramento do dia 3 de janeiro o maior nível desde julho, na casa de R$ 5,45.

Com o apetite por risco prevalecendo nesta véspera de decisão sobre juros nos Estados Unidos e também no Brasil, apenas Vale (ON -0,49%) cedeu terreno entre as principais blue chips na B3, após recuo do minério na China nesta terça-feira. O dia também foi moderadamente negativo para Eletrobras (ON -0,12%) e para Banco do Brasil (ON -0,27%). Na ponta ganhadora da sessão, destaque para Cogna (+10,19%), Hapvida (+9,57%), Yduqs (+7,16%) e Dexco (+6,95%), com Assaí (-5,44%), JBS (-3,97%) e Klabin (-1,78%) no lado oposto. Petrobras subiu hoje 1,62% (ON) e 1,24% (PN). Na semana, o Ibovespa avança 0,99%.

“A Bolsa fechou o mês com melhora razoável. Não há grandes motivos para uma realização, com ruídos políticos acalmados e nada que desagrade muito ao mercado. Há fluxo estrangeiro para cá, com o humor lá fora em recuperação, ajudando não só a Bolsa mas também o câmbio, por aqui”, diz Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos. Hoje, véspera de decisão do Fed sobre juros, o dólar à vista fechou em baixa de 0,75%, a R$ 5,0767.

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Fluxo de investidores estrangeiros

Em relatório, a Guide Investimentos aponta que “nos últimos dias tem chamado atenção o forte fluxo comprador de investidores estrangeiros”. “Acreditamos que o fluxo se deve ao valuation baixo das ações no Brasil além do maior crescimento econômico (menor risco de recessão) e chances de redução de juros ainda em 2023″, observa a casa, acrescentando que a situação dos mercados desenvolvidos (como EUA, zona do euro, Inglaterra) é bem diferente desta”. A Guide destaca, no relatório, que os lucros das empresas vêm crescendo no Brasil e que o mercado local é favorecido também pela recuperação de preços das commodities.

De acordo com dados divulgados hoje pela B3, até o dia 27 os investidores estrangeiros aportaram R$ 10,899 bilhões na Bolsa, em janeiro. O montante é resultado de compras acumuladas de R$ 277,301 bilhões e vendas de R$ 266,401 bilhões. No dia 27, quando o Ibovespa fechou em queda de 1,63%, aos 112.316,16 pontos, os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 976,074 milhões na B3.

No Brasil, do início de janeiro para cá, a percepção de risco foi se inclinando em direção melhor após os primeiros sinais, desencontrados, na largada do novo governo especialmente com relação às contas públicas. Hoje, além da ajuda proporcionada pelo avanço dos índices de Nova York nesta véspera de deliberação do Fed sobre os juros americanos, o mercado recebeu bem nova participação do ministro Fernando Haddad (Fazenda) em reunião da Febraban, após os comentários do dia anterior sobre “harmonizar” as políticas monetária e fiscal.

“Haddad disse que o governo trabalha para diminuir o déficit primário este ano, e deu indicação de que a desoneração sobre os combustíveis termina mesmo em fevereiro. Com isso, os juros futuros caem e o dólar se manteve abaixo de R$ 5,10″, diz Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos.

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Em revisão de cenário hoje, a Bradesco Asset reduziu a estimativa de déficit do governo central de R$ 180 bilhões para R$ 150 bilhões em 2023, trabalhando com déficit de R$ 125 bilhões em 2024. As previsões foram alteradas com o anúncio de medidas de ajuste pelo governo, diz nota assinada pelo economista-chefe, Marcelo Cirne de Toledo.

“Se por um lado traz efeito para a inflação, por outro a perspectiva de reoneração dos combustíveis melhora a arrecadação, contribuindo para o fiscal. Lá fora, nos Estados Unidos, a leitura da manhã sobre dados de salários, acompanhados de perto pelo Fed, foi positiva para o mercado, corroborando a ideia de uma inflação que já vinha dando sinais de moderação. Na prática, não muda nada para o Fed de amanhã, mas é uma impressão positiva, na margem, o que contribuiu para o apetite por risco hoje, em Nova York”, diz Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas.

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