Publicidade

CVM forma maioria para absolver irmãos Batista por uso de informações privilegiadas em negociações

Eles eram acusados de suposta manipulação de preços das ações da JBS no período em que uma conversa entre Joesley e o então presidente Michel Temer foi divulgada, levando à desvalorização do câmbio e à queda da Bolsa

Por Juliana Garçon

RIO - O colegiado da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) formou maioria nesta segunda-feira, 29, para absolver os irmãos Joesley e Wesley Batista e a holding controladora J&F Investimentos por suposta manipulação de preços das ações da JBS com informações privilegiadas (insider trading).

Os diretores Otto Lobo, Alexandre Rangel e João Accioly e o presidente João Pedro Nascimento votaram pela absolvição. A diretora Flavia Perlingeiro, porém, pediu vistas do processo, congelando seu andamento.

Irmãos teriam supostamente manipulado ações da JBS, principal empresa do grupo que controlam Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

PUBLICIDADE

O processo e outros dois em julgamento foram abertos depois que Joesley Batista decidiu delatar o então presidente da República, Michel Temer. O conteúdo de uma conversa entre ele e Temer, com indícios de corrupção, vazou e levou o mercado a uma crise, com desvalorização do câmbio — a maior em 14 anos — e queda do Ibovespa (a maior já registrada). O episódio ficou conhecido como Joesley Day.


Um dos processos, abrangendo Joesley e Wesley Batista e a holding controladora J&F Investimentos, analisou supostas irregularidades em negócios da JBS e da FB Participações, controlada pela família Batista, com ações da JBS. Eles teriam manipulado preços de ações da JBS, com informação privilegiada.


Em seu voto, o diretor Otto Lobo, relator do caso, destacou a substância da defesa. “Os três trouxeram uma robusta defesa.” Ao apoiar seu voto, argumentou que a informação de que uma delação premiada estava em estudo, não era sigilosa na época dos negócios.


Afirmou ainda que, quando as negociações aconteceram, os irmãos não sabiam se a delação premiada seria homologada ou quando a informação viria a público. E apontou que, na época, a companhia estava fazendo recompra de seus papéis num movimento defensivo, visto que os papéis estavam sendo afetados pela Operação Carne Fraca. Lobo disse ainda que a existência de contraindícios autoriza a presunção de inocência.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.